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Expectativa de crescimento fraco e juros mais altos afetam a Bolsa

Do UOL em São Paulo

05/03/2013 06h00

No final de 2011, muitos economistas projetavam um crescimento de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) para 2012. Mas cresceu apenas 0,9% em 2012. O PIB é um indicador que mostra o desenvolvimento da economia. Para 2013, as previsões do mercado apontam um crescimento, de novo, de 3%. Esses analistas vão se decepcionar novamente?

A perspectiva de um novo período de crescimento anêmico neste ano tem afugentado investidores da Bolsa. Monitorar a recuperação da taxa de investimento na economia (quanto os empresários aplicam nos próprios negócios) está na ordem do dia entre os economistas, para tentar responder à dúvida sobre quanto o país vai crescer.

Nesta semana, o investidor vai ter um pista importante sobre a questão econômica mais urgente deste ano: o que o governo pretende fazer a respeito da inflação, cujas expectativas pioraram nas últimas semanas.

O Banco Central vai decidir se mexe ou não na taxa básica de juros, hoje em 7,25% ao ano. A taxa básica (Selic) é uma das ferramentas para combater a inflação. Se aumenta, torna os empréstimos para empresas e consumidores mais caros, o que tende a desacelerar o ritmo de atividade da economia.

Pela teoria, juros mais altos influenciam negativamente a Bolsa de Valores. Os investimentos em renda fixa, como CDBs e fundos DI, ficam mais atrativos, o que contribui para afugentar ainda mais os investidores das aplicações mais arriscadas.

Mas nem a respeito desse ponto há unanimidade entre especialistas quanto às consequências para a Bolsa de Valores. E lembram que a Bolsa mal reagiu quando a taxa básica de juros caiu de 12% para 7,25% (entre 2011 e 2012), uma trajetória que, teoricamente, favorece o mercado de ações.

“Há muita preocupação no mercado a respeito da inflação, e muita gente vai ficar preocupada se o governo não fizer nada a respeito”, diz Marcel Kussaba, analista-chefe da gestora de investimentos Quantitas. “Se o governo subir os juros, essa atitude pode ser interpretada positivamente, como um sinal de que não vai agir de maneira populista”, acrescenta.

A mão do governo

O governo federal causou polêmica ao baixar a medida provisória 579, que alterou as concessões para o setor elétrico. Antes, pressionou os bancos para reduzirem os ganhos com as operações de empréstimos e interveio no setor de telecomunicações.

Sem discutir o mérito dessas medidas, a consequência foi um aumento da insegurança dos investidores, muitos deles estrangeiros, para investir nas empresas brasileiras com ações negociadas na Bolsa.

Especialistas chamam a atenção para um dado importante do mercado financeiro: as “apostas” dos investidores estrangeiros na piora do mercado brasileiro. Os estrangeiros são uma força importante na definição de alta ou baixa da Bolsa brasileira, respondendo por mais de um terço dos negócios mensalmente.

Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), é possível fazer apostas na queda ou na alta do índice Ibovespa. Hoje, há praticamente o dobro de apostas na baixa em relação às expectativas de alta.

Essa diferença não quer dizer que os estrangeiros queiram derrubar a Bolsa brasileira. Esses contratos da BM&F funcionam mais como uma ferramenta complementar às operações feitas no mercado de ações. E também como indicação do ânimo geral em relação ao futuro próximo da Bolsa.

Alguns especialistas veem as mudanças nas regras para a concessão de ferrovias como um sinal de que as autoridades econômicas são capazes de “aprender com os próprios erros”.

Para a equipe de analistas da Planner Corretora, é possível que o governo já tenha feito as intervenções mais pesadas em setores específicos da economia, e passe a concentrar o foco agora nas medidas de efeito mais amplo para derrubar a inflação (como tirar impostos da cesta básica).