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Veja as 10 ações que mais pagam dividendos; papel é bom para se aposentar

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

20/08/2013 06h00

Quem quer viver de renda levanta a mão... e investe em ações que pagam bons dividendos. Levantamento do economista Clodoir Vieira, sócio da Compliance Comunicação Empresarial, lista quais são as dez empresas que mais pagaram dividendos nos últimos 5 anos.

Os dividendos são a parte do lucro que é distribuída aos acionistas da empresa. No Brasil, as empresas listadas em Bolsa são obrigadas a distribuir no mínimo 25% do lucro na forma de dividendos.

Na primeira posição desse ranking está a Oi, empresa de telecomunicações. Quem tivesse investido neste papel, em 2009, por exemplo, em 2013 já teria recuperado 75% do capital só com o dinheiro que a companhia pagou em dividendos ao longo desse período.

Apesar de ter mantido essa política atraente de distribuição de dividendos durante este período, a empresa acaba de anunciar que irá reduzir o pagamento de dividendos ao mínimo legal exigido pela  Bolsa até 2016, o que provocou uma forte queda em suas ações.

10 AÇÕES QUE MAIS PAGARAM DIVIDENDOS EM 5 ANOS

NOMECLASSECÓDIGORENDIMENTO EM 12 MESESRENDIMENTO DE 2009 A 2013SETOR
OIPNOIBR413,70%75,20%TELECOMUNICAÇÕES
TAESAUNTTAEE116,41%50,16%ENERGIA ELÉTRICA
VIVO (TELEFONICA)PNVIVT47,92%41,21%TELECOMUNICAÇÕES
ETERNITONETER37,44%39,14%MINERAIS
CSNONCSNA37,61%33,69%SIDERURGIA E METALURGIA
BANCO DO BRASILONBBAS37,65%28,86%FINANÇAS E SEGUROS
GRENDENEONGRND38,75%24,49%TÊXTIL
SOUZA CRUZONCRUZ32,21%23,06%CIGARROS
TRACTEBELONTBLE33,69%21,92%ENERGIA ELÉTRICA
CIELOONCIEL34,02%20,85%CARTÕES
  • FONTE: ECONOMÁTICA. ELABORADO EM 15/8 POR CLODOIR VIEIRA, DA COMPLIANCE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

A Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa), empresa de transmissão de energia elétrica controlada pela Cemig, ocupou a segunda posição no levantamento com 50% de dividend yield, que é o rendimento obtido pelo dono de uma ação com o pagamento de dividendos da empresa. Assim, quem tivesse investido R$ 10.000 na Taesa em 2009, em 2013 já teria recebido R$ 5.000 de volta em forma de dividendos recebidos.

O dividend yield é um indicador muito importante para quem quer investir em ações de olho nos dividendos. Quanto maior for este número, maior vem sendo o resultado da empresa ou melhor é sua política de distribuição de lucros.

Quais as vantagens de investir nestes papéis?

Clodoir Vieira afirma que a grande vantagem de investir em companhias que são boas pagadoras de dividendos é o fato de elas já serem empresas consolidadas, que não têm uma necessidade muito grande de manter dinheiro em caixa para bancar grandes investimentos.

Elas desfrutam de uma marca, de um produto consolidado, e por isso podem distribuir um dividendo maior.

"Um exemplo é a Vivo que, neste levantamento, ocupa a terceira posição da lista. A empresa já fez seus grandes investimentos e hoje se destaca como uma das maiores pagadoras de dividendos da Bolsa.

Outra vantagem de empresas dessa categoria é que em momentos de crise seus papéis apresentam uma variação menor diante do sobe-e-desce da Bolsa. "Empresas como a do megaempresário Eike Batista, que não têm produção nenhuma, ficam muito vulneráveis a qualquer boato, por exemplo. Isso não acontece com empresas mais sólidas, com receita consolidada", diz Vieira.

Prova disso é a comparação do desempenho do Índice Bovespa neste ano com o Índice de Dividendos (Idiv) da própria BMFBovespa. Enquanto o Ibovespa caiu 16,50% até 13 de agosto, o Idiv perdeu bem menos: 8,21%.

IBOVESPA X ÍNDICE DE DIVIDENDOS (IDIV)

ÍNDICEEM 2013ENTRE 2009 E 2013
IBOVESPA-16,5%35,54%
ÍNDICE DE DIVIDENDOS (IDIV)-8,21%119,33%
  • FONTE: ECONOMATICA. LEVANTAMENTO DE CLODOIR VIEIRA EM 14/8, DA COMPLIANCE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Se compararmos o resultado do Ibovespa e do Idiv em cinco anos, o resultado é que o índice que concentra apenas as boas pagadoras de dividendos rendeu mais que o triplo que o Ibovespa: alta de 119,33% do Idiv ante, em comparação com os 35,54% do Ibovespa.

E os riscos?

Mas, como estamos falando de ações, que são investimentos de risco, as boas pagadoras de dividendos também não estão imunes a eles. O presidente da Strategos Consultoria, Telmo Schoeler, afirma que o cenário não está muito promissor para o pagamento de dividendos.

"Estamos vivendo um cenário de grande incerteza, e as empresas precisam ser mais cuidadosas na estratégia financeira, guardar mais dinheiro em caixa por não saber o que temos pela frente. Isso se traduz em dividendos menores."

Outro indicador de que os dividendos deverão ser menores daqui para a frente, segundo Schoeler, é que a elevação da taxa de juros dificulta a tomada de empréstimos para as empresas poderem bancar seus investimentos.

Novamente, elas terão de reter uma quantia maior em caixa. "Tudo isso leva a crer que, ao menos no curto prazo, as empresas vão distribuir menos dividendos, o que não é bom para quem quer se beneficiar dessa política."

Essa perspectiva negativa confirma-se diante do anúncio da própria Oi, a campeã dos pagamentos de dividendos nestes últimos cinco anos.

No dia 13, ela informou que vai reduzir o pagamento de dividendos ao mínimo de 25% entre os anos de 2013 e 2016. "A Oi tinha uma política muito agressiva de distribuição de dividendos, ela foi a campeã nos últimos cinco anos, até dos últimos 10 anos. Mas isso acabou agora. É hora de olhar outras opções", diz Clodoir Vieira.

No dia seguinte ao anúncio (14) da redução dos pagamentos de dividendos, a ação da empresa caiu -7,40% 14/8).

Papéis de viúva para o longo prazo

O conselho do economista Clodoir Vieira para quem quer formar uma carteira com vistas à aposentadoria é escolher entre quatro e cinco papéis entre empresas que pagam bons dividendos e ir investindo aos poucos. "Como têm uma menor variação diante do Ibovespa, estas ações são especialmente positivas para quem não tem tempo de acompanhar o dia-a-dia da Bolsa", afirma. "São os chamados papéis de viúva."

Quem investe dessa forma, acaba acumulando dinheiro mais facilmente do que aqueles que apostam em empresas que têm muita volatilidade. Isso não significa que a pessoa vá comprar os papéis e nunca mais olhar para eles. Vieira afirma que toda carteira deve ser revista de vez em quando.

Ele diz que ao menos uma vez por ano o investidor deve parar para observar se as ações continuam tendo a mesma política de pagamentos de dividendos. "Muitas vezes as empresas passam por dificuldades, ou o próprio setor tem problemas, e isso dificulta o pagamento de dividendos. Então é hora de mudar."

O presidente da Strategos Consultoria, Telmo Schoeler, lembra que esse tipo de papel tem um atrativo especial para os idosos que precisam de receita: é presença obrigatória em fundos de previdência. "São pessoas que querem receber um fluxo de capital e não depender apenas de valorização da ação na Bolsa", diz.