Bitcoin ficará mais escasso: o que é halving e como criptomoeda pode subir
Quer receber matérias como essa toda semana no seu e-mail? Assine a newsletter UOL Investimentos.
O bitcoin (BTC) deve passar, nos próximos dias, por um evento que busca equilibrar a oferta e demanda da criptomoeda e manter os preços em alta. É o halving, evento que reduz pela metade a emissão do ativo a cada bloco minerado na blockchain. O próximo evento deste tipo está previsto para a próxima sexta (19) ou sábado (20). A perspectiva entre analistas é de que a principal criptomoeda do mundo deve se valorizar, mas ainda não se sabe quanto. Entenda mais sobre como funciona e o que esperar do próximo halving.
Halving busca reduzir inflação no ativo
Para o bitcoin funcionar, há a figura do minerador. São pessoas responsáveis por usar infraestrutura de ponta, como computadores de alta capacidade, para validar novas criptomoedas e incluí-las na blockchain - um grande banco de dados público e aberto, que só pode ser alterado com o consentimento da própria rede. A inclusão na blockchain é o fator que cria novas moedas digitais. E esses mineradores recebem uma recompensa, em criptomoedas, pelo seu trabalho e uso de recursos.
Evento reduz em 50% a emissão de bitcoins por blocos minerados. Na prática, os mineradores passam a ganhar a metade para fazer o mesmo trabalho. Com uma quantidade menor de criptoativos em circulação, o pós-halving costuma ser acompanhado de altas expressivas da moeda. O marco é cíclico e está programado para ocorrer a cada 210 mil blocos minerados, uma janela estimada a cada quatro anos.
Halving em 2020 reduziu a recompensa por bloco para 6,25 bitcoins. Com a nova redução, o ativo deve passar para a recompensa de 3,12 BTC a cada bloco minerado, afirma Cristian Bohn, CSO e cofundador da Parfin, empresa de infraestrutura institucional para ativos digitais. Para se ter ideia, na criação da criptomoeda, em 2008, o ganho era de 50 BTC por bloco minerado. São 21 milhões de bitcoins em circulação, sendo 18 milhões ativas.
Trata-se de um evento importante e que gera impactos positivos, contribuindo não somente para o controle de escassez do bitcoin, mas proporcionando também o incentivo à inovação da mineração, o que contribui positivamente para a sustentabilidade e viabilidade de longo-termo do ecossistema da criptomoeda.
Fábio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase
O preço da criptomoeda deve subir?
Correlação entre halving e preço do bitcoin é histórica. Por ser um evento que corta a emissão da criptomoeda pela metade, é natural que seu preço suba consideravelmente nos primeiros seis meses após o halving, afirma Fábio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase. "No entanto, com apenas três eventos de halving registrados, as evidências ainda são limitadas e o desempenho futuro não é garantido", diz ele.
Expectativa no segmento é de alta nos preços. Beto Fernandes, analista da Foxbit, lembra que ciclos como este já foram sucedidos por altas superiores a 1.000%. No entanto, ele diz que mensurar até que ponto o preço pode chegar se tornou mais imprevisível do que no passado. A avaliação é que boa parte da alta da moeda já foi registrada nos últimos meses.
Mas aumento do bitcoin já começou com a criação dos ETFs à vista nos EUA. É o que diz Fernandes, da Foxbit. Em janeiro, a SEC (Securities and Exchange Commission), órgão dos Estados Unidos equivalente à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) brasileira, deu o sinal verde para a listagem em Bolsa de ETFs (fundos de índices) de bitcoin à vista, permitindo investimentos por meio de fundos. "Então, isso abre dúvidas sobre a intensidade que o halving vai proporcionar e até mesmo a duração, já que podemos entender que o ciclo de alta começou antes e, então, pode encerrar também mais cedo."
Entre 1 de janeiro e 14 de março, criptomoeda subiu 74,7%. Nessa janela, o bitcoin saiu de US$ 42.214,98 e chegou a bater US$ 73.750,07. No final da última terça-feira (16), porém, o preço do BTC girava por volta de US$ 63.900 - a queda que precede o halving é considerada usual por analistas.
É uma boa hora para investir? Qual a recomendação para os investidores?
Investidores devem adotar posição mais defensiva no curto prazo. Segundo Valter Rebelo, analista de criptoativos da casa de análises Empiricus Research, a criptomoeda se encontra na metade do seu grande ciclo, momento marcado por intensa volatilidade, em que novos investidores ainda estão conhecendo o mercado. Com o amadurecimento do setor, ele diz que a moeda pode ultrapassar a faixa de preço de US$ 150 mil ao final do ciclo.
Com recompensa reduzida, impacto do halving é cada vez menor. É o que afirma Renato Nobile, analista da Buena Vista Capital.
Mas acesso a criptomoedas já está reduzido. "O problema é que é estimado que mais de um terço dos bitcoins em circulação estão perdidos para sempre porque os usuários perderam suas senhas ou outras razões. Então, [o halving] deve, sim, ter impacto", diz.
Podemos observar os eventos anteriores para entender que o mercado muitas vezes reage positivamente ao halving, com aumentos no valor do bitcoin nos meses que seguem o evento. No entanto, é importante notar que o mercado de criptomoedas é influenciado por uma ampla gama de fatores, e o halving é apenas um deles.
Diego Guareschi, CMO de Hathor
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.