Só para assinantesAssine UOL

Tesla, Apple: quanto renderam ações estrangeiras preferidas dos brasileiros

Quer receber matérias como essa toda semana no seu e-mail? Assine a newsletter UOL Investimentos.

Seja por meio de ações estrangeiras ou por recibos de ações, os Brazilian Depositary Receipts (BDR), investir em companhias estrangeiras é uma prática que vem ganhando simpatia dos brasileiros. O número de investidores com BDRs em carteira teve, por exemplo, um aumento de 133,5% em 2023 em relação a 2022, segundo a B3. Quase todos (99,8%) são pessoas físicas.

O problema é que o investidor escolhe pela fama. Os brasileiros optam pelas empresas que conhece e acaba perdendo dinheiro com isso. Os BDRs podem ser comprados diretamente na B3 ou por meio de corretoras e aplicativos de banco. Já as ações negociadas em bolsas estrangeiras são compradas por meio de contas internacionais.

Dentre os dez BDRs mais procurados, por exemplo, só dois estão na lista dos mais rentáveis. Outros quatro estão no negativo no ano. O levantamento é da Elos Ayta. Já entre as ações mais compradas, três estão no negativo. Confira:

Os 10 BDRs mais populares no ano

  1. Xp Inc (XPBR31) -15,11%
  2. Inter & Co (INBR32) 0,35%
  3. Nvidia (NVDC34) 65,01%
  4. Mercado Libre (MELI34) -9,65%
  5. Tesla (TSLA34) - 37,51%
  6. Microsoft (MSFT34) 14,23%
  7. Alphabet/Google (GOGL34) 18,72%
  8. Meta Platforms (M1TA34) 44,46%
  9. Apple (AAPL34) -8,08%
  10. Amazon (AMZO34) 22,21%

Fonte: Elos Ayta. BDRs mais comprados em 2024 até 19 de abril e sua variação no mesmo período

Apesar se de serem todas companhias muito famosas, só algumas dão retorno. Apenas Nvidia e Meta, da dona do Facebook, estão na lista dos dez maiores retornos. A empresa de inteligência artificial surfa na onda da nova tecnologia e já rendeu este ano 65,01%. A dona do Facebook teve no último trimestre de 2023 lucro líquido de US$ 14,02 bilhões, mais que o triplo do registrado no mesmo intervalo de 2022 e anunciou pagamento de dividendos.

Quais são os 10 BDRs mais valorizados

  1. Nvidia (NVDC34) 71,29%
  2. Sea Ltd (S2EA34) 58,46%
  3. Spotify (S1PO34) 51,98%
  4. GE Aerospace (GEOO34) 51,89%
  5. Meta (M1TA34) 44,46%
  6. Micron Technology (MUTC34) 36,78%
  7. Toyota Motor (TMCO34) 36,78%
  8. New Oriental Education (E1DU34) 35,64%
  9. Eli Lilly And Company (LILY34) 35,19%
  10. Taiwan Semiconductor (TMC34) 33,63%
Continua após a publicidade

Fonte: Elos Ayta, valorização acumulada até 22 de abril.

O mesmo acontece com ações estrangeiras. Um levantamento da Avenue, corretora, mostrou o mesmo critério. Das três ações mais compradas por pessoas físicas por meio da empresa, duas estão no negativo. Mas são empresas muito famosas. Confira:

As 10 ações estrangeiras mais compradas

  1. Apple (AAPL) -13,75%
  2. Nvidia (NVDA) 60,58%
  3. Realty Income Corp (O) -5,78%
  4. Tesla (TSLA) -42,83%
  5. Microsoft (MSFT) 6,82%
  6. Alphabet/Google (GOOGL) 11,88%
  7. Coca Cola (KO) 3,75%
  8. Amazon (AMZN) 16,64%
  9. Berkshire Hathaway (BRK.B) 14,61%
  10. Taiwan Semiconductor (TSM) 25,25%

Fonte: Avenue (compras em março). Variação no ano até 22 de abril, por Elos Ayta.

O investidor de varejo acaba sendo influenciado pelo 'buzz' do mercado
William Castro Alves, economista e sócio da corretora digital Avenue

Continua após a publicidade

Um exemplo é a inteligência artificial. Como esse é um tema que está "bombando", o investidor acaba comprando essas ações. "Com isso vimos Nvidia e TSM2, que são empresas diretamente relacionadas ao 'boom" de inteligencia artificial na lista junto com nomes mais tradicionais como Apple e Microsoft", diz Alves.

Mas fama nem sempre garante retorno. Nvidia, por exemplo, já perdeu 12% do valor nos últimos 30 dias. "Não temos recomendação de compra para essa ação agora", diz o especialista em BDR's da Empiricus, Enzo Pacheco. Para ele, a ação foi longe demais e agora está na hora de uma correção.

Só para se ter uma ideia, o valor de mercado da Nvidia supera o PIB do Brasil. A empresa está avaliada em US$ 2,07 trilhões. O produto interno bruto brasileiro é de US$ 1,892 trilhões.

Por que o investidor valoriza a fama?

As bolsas estrangeiras estão atraindo os brasileiros. A Nasdaq, por exemplo, acumula este ano ganhos de 6,33% (até 23 de abril) - em dólar. O Ibovespa, por sua vez, desvalorizou, em reais, 5,65% no mesmo período. " excelente performance da bolsa americana, principalmente em relação ao nosso índice Ibovespa, tem sido um fator importante para a atratividade das BDRs", explica Pedro Marinho Coutinho, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

Mas, mesmo com uma grande oferta de BDRs, há pouca cobertura. Pacheco diz que mesmo com toda facilidade para investir nesses recibos de ações - ou mesmo diretamente nas ações internacionais - há pouco material em português, direcionado para o investidor pessoa física. Essa falta de informação deixa o aplicador no escuro. Ele vai, então, pela familiaridade com o papel.

Continua após a publicidade

Ele quer investir e vai nos nomes que fazem mais sentido para o dia a dia dele
Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research

É por isso, por exemplo, que duas empresas brasileiras estão entre os BDRs mais populares. São a XP e o Inter. Tem também o Mercado Libre, que tem sede no Uruguai, mas a maior operação é a brasileira. "Isso facilita o entendimento por parte do nosso investidor", diz Coutinho. Pacheco concorda. Principalmente porque há mais análises dessas empresas em português que das outras.

Como escolher bem?

A melhor maneira é ficar por dentro dos fundamentos das empresas. Isso nem sempre é possível, principalmente levando-se em conta que soa muitas. Então, se você tem simpatia por alguma ação, leia materiais na imprensa sobre ela e suas ações antes de investir. Buscar uma consultoria de analistas também é uma boa.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.