Só para assinantesAssine UOL

Alta de 8% no ano: onde o dólar vai parar?

Depois de fechar na quarta-feira (5) a R$ 5,2977 — o maior preço de fechamento desde 5 de janeiro de 2023 - o dólar nesta quinta-feira (6) está em queda. Por volta das 12h30, a divisa era negociada em queda de 0,79%, a R$ 5,25.

Mas economistas e especialistas em câmbio preveem que a moeda americana pode continuar em alta. No ano, o dólar já subiu 8,6% frente ao real, segundo a Investing.com.

O que está acontecendo?

O repique que o dólar deu tem a ver com as eleições mexicanas. No domingo (2), Claudia Sheinbaum venceu a eleição e será a nova presidente do México. "Isso provocou uma fuga de investidores em relação a moedas emergentes que acabou influenciando também o real", diz Gustavo Corradi Matos, economista e gestor de investimentos da Medici Asset, empresa do Grupo NanoCapital.

Mas só o real foi contaminado. Nos últimos 30 dias, por exemplo, enquanto o dólar subiu 3,9% em relação ao real, segundo a Investing.com, o peso argentino valorizou 2,2%.

O real vem desta vez perdendo depreciando mais que as moedas de outros países emergentes
Claudia Moreno, economista do C6 Bank

Por que isso ocorre?

O problema agora é mais doméstico. É o que diz a economista do C6 Bank. "Os gastos obrigatórios do governo, como os com previdência e outros benefícios, vem crescendo. Além disso, a dívida que já é elevada, passa a ser ainda maior, com a taxa Selic no patamar que está hoje", explica.

Por isso, o Banco Central deve parar de reduzir os juros antes do esperado. Já na próxima, reunião nos dias 18 e 19 de junho, o mercado espera que não haja mais cortes.

Outro fator que faz o dólar subir são os juros nos EUA e as commodities em baixa. "A manutenção da taxa de juros em patamares elevados nos Estados Unidos tem atraído investimentos para o país, fortalecendo o dólar em relação a outras moedas, incluindo o real", explica Sergio Brotto, diretor executivo da Dascam Corretora de Câmbio.

Continua após a publicidade

Além disso, produtos básicos estão com preços em queda. Commodities, como o minério de ferro, são a maior parte das exportações do Brasil. "Com o valor em queda, diminui também a entrada de dólares no País, intensificando a pressão sobre a moeda nacional", diz Brotto.

Outro fator que tem colaborado para alta do dólar no ano é a saída de divisas. Os investidores têm ido para outros países, como Estados Unidos. "A B3 no ano de 2024 registrou queda no fluxo de capitais externos durante todos os meses (janeiro a maio/2024), com saldo negativo em R$ 35,1 bilhões", diz Douglas Ferreira, diretor na Planner Investimentos.

Como a alta afeta as pessoas?

A desvalorização do real impacta diretamente a economia brasileira. Ela eleva os custos de importação e pressiona a inflação. Produtos importados, como eletrônicos, medicamentos e combustíveis, além de passagens aéreas, tendem a ficar mais caros, afetando o poder de compra da população, segundo Brotto.

Como vai ficar daqui para frente?

Para Claudia Moreno, a cotação deve ficar em torno de R$ 5,30 até o fim do ano. Em 2025, pode chegar a R$ 5,50. "Isso porque não vemos mudança fiscal no longo prazo", diz ela.

Continua após a publicidade

No curto prazo, porém, o dólar deve voltar ao patamar de R$ 5,20. A pressão do México é momentânea e tende a passar, segundo Corradi.

Ao longo do ano, ainda, o dólar pode voltar a subir. É o que diz Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais. Para ela, o teto máximo de valorização é de R$ 5,40. "Então ainda tem espaço para valorizações, conforme algumas situações forem se deteriorando", afirma ela. Os gastos públicos e os juros americanos são algumas dessas questões.

O que pode mudar essa tendência?

Para reverter esse cenário, seria preciso controlar os gastos públicos. Ou os juros americanos começarem a cair. Nesse cenário, o dólar poderia fechar o ano a R$ 5, segundo Ariane. Mas é preciso fazer mais, segundo Brotto. "A busca por soluções para a crise fiscal e a redução da incerteza em relação à política econômica são fundamentais para fortalecer o real e proteger a economia brasileira dos impactos da desvalorização", diz o especialista.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

Deixe seu comentário

Só para assinantes