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Petrobras volta a subir: vale investir agora?

Depois de dias bem ruins no primeiro semestre, com troca de presidência na empresa, temor de ingerência do governo e discussão sobre dividendos, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) estão em um momento de recuperação.

Em 5 de maio, após o anúncio da saída de Jean Paul Prates do comando da estatal, os papéis ordinários (PETR3) da companhia chegaram a cair 6,78% somente naquele dia. As ações preferenciais (PETR4) tombaram 6,04% na data.

Mas, desde o meio de junho, as ações estão em alta. PETR3 tem, desde o dia 14 de junho, alta acumulada de 11,58%, e PETR4, de 11,39%, segundo a consultoria Elos Ayta. O Ibovespa, no mesmo intervalo, subiu 4,22%. Nesta terça-feira (2), PETR3 fechou em alta de 0,27%, alcançando R$ 40,98, conforme dados preliminares. PETR4 caiu para R$ 38,51, com baixa de 0,31%.

O que está acontecendo com as ações?

Os preços do petróleo atingiram nesta segunda o nível mais alto em pouco mais de dois meses. Alguns fatores climáticos e políticos fazem o petróleo subir e manter essa tendência. "Esse é o principal fator que faz as ações da companhia subirem", diz Vanessa Correa, especialista da Valor Investimentos. Alguns fatores climáticos e políticos aumentaram o valor do óleo e podem manter essa tendência de alta.

O verão de 2024 pode vir a ser o mais quente de sempre na Europa e no hemisfério Norte em geral. Com isso, as pessoas viajam mais e o consumo de combustíveis aumenta.

Também há o início da temporada de furacões e a guerra no Oriente Médio. Na segunda-feira (1o.), o preço do barril do petróleo tipo Brent para entrega em setembro subiu 1,88%, aos US$ 86,60, e o do tipo WTI para agosto teve alta de 2,25%, aos US$ 83,38.

As confusões ficaram para trás?

Magda Chambriard tomou posse no final de maio e completou o primeiro mês na Petrobras sem ruídos. Ela é a 12ª presidente da estatal desde 2003. "Em 70 anos, a companhia teve cerca de 40 presidentes. É uma mudança de comando recorrente. Cada um dura em média dois anos no cargo. Então, é natural que esse problema de mudança de comando, por hora, seja apaziguado", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

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Essa paz momentânea e o preço do petróleo ajudaram as ações. "A Petrobras tem visto uma recuperação nos preços das ações, mesmo após diversas mudanças na liderança nos últimos anos, o que atribuímos tanto aos sólidos fundamentos corporativos quanto à melhoria da governança como resultado de seu processo de recuperação iniciado em 2016", publicou o Goldman Sachs.

Para o banco, não devem acontecer mudanças drásticas na empresa. "As leis atuais e os estatutos existentes da Petrobras apresentariam desafios à nova administração para alterar significativamente a alocação de capital e as estratégias de preços de combustível, levando-nos a não esperar grandes revisões na estratégia e nas principais políticas da empresa, pelo menos no futuro a médio prazo", divulgou o GS, em documento para investidores.

O que mais ajudou?

O acordo tributário com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A Petrobras encerrou pendências fiscais e tributárias na ordem de R$ 45 bilhões, dos quais cerca de R$ 35 bilhões com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e aproximadamente R$ 10 bilhões com a Receita Federal. O acordo elimina mais riscos que a ação poderia sofrer. "Os ruídos políticos em relação à empresa têm melhorado, mas não deixaram de existir. Tivemos uma melhora, mas tenho dúvida até quando a sinalização continuará sendo positiva. Ainda podemos ver alta volatilidade no papel por motivos não operacionais da companhia", diz William Cruz, gestor de investimentos e sócio da Matriz Capital Asset.

E o reajuste nas bombas?

Com a forte valorização do dólar este ano - cerca de 15% em 2024 - a gasolina vendida nas refinarias está sem reajustes. O combustível está em média 18% mais barato do que o preço praticado no exterior, segundo relatório diário da Abicom, a associação que reúne os importadores de combustíveis no Brasil.

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Isso, no entanto, não afeta a ação. "A Petrobras tem fôlego para manter essa política de preços", diz Arbetman. A companhia não reajusta diesel e gasolina desde o ano passado. Mas o aumento da produção e a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, por US$ 1,65 bilhão ao grupo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, compensam essa disparidade.

Vale a pena comprar?

Para o Goldman Sachs, sim. PETR3 tem preço alvo de R$ 46,10 para os próximos 12 meses, o que representa um potencial de ganho de 12,8%. PETR4 pode chegar a R$ 41,90, o que geraria lucro de 8,5%.

Cruz, entretanto, acha que há outras opções no setor de petróleo. "Temos outra preferência dentro do setor, na qual acreditamos haver uma relação risco-retorno melhor, como é o caso da Prio (PRIO3), na qual vemos um potencial de alta mais interessante", diz o analista. No ano, PRIO3 acumula perdas de 2,06%, cotada a R$ 45,90.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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