A NFL (liga de futebol americano) realiza hoje (06), sua primeira partida oficial no Brasil. Philadelphia Eagles e Green Bay Packers estarão em campo nesta noite, na Neo Química Arena, zona leste de São Paulo. XP, Budweiser, Perdigão e Visa são os patrocinadores da partida. Beats, marca de bebidas prontas da Ambev, será a patrocinadora do show do intervalo do jogo, que será realizado pela cantora Anitta. Estimativas preliminares da SPTuris (empresa de turismo de capital aberto, cuja maior acionista é a Prefeitura de São Paulo), apontam que a vinda do jogo deve adicionar cerca de US$ 60 milhões (R$ 337 milhões) à economia da cidade em apenas uma semana. Além das empresas, que promoveram sua participação no evento ao longo dos últimos meses, a cidade de São Paulo também quer usar a visibilidade do jogo para trazer mais eventos esportivos para a capital. "Hoje, atuamos como uma agência de eventos de turismo da cidade. A NFL era o grande sonho dentro desses eventos", afirma Gustavo Pires, presidente da SPTuris, em entrevista ao UOL Mídia e Marketing. Confira a entrevista com o executivo, que atua na Prefeitura desde 2017: Como vocês usarão o jogo como gancho para conseguir levar mais eventos para a cidade? Hoje, a NFL é o principal evento esportivo dos Estados Unidos. Essa vinda possibilita uma grande entrada no mercado norte-americano. Nenhum outro evento do mundo teria essa força. Por outro lado, temos um trabalho muito grande de prospecção dos eventos. Trazer um jogo da NBA (liga norte-americana de basquete), por exemplo, é outro sonho perfeitamente possível. Nesse momento, estamos em negociação com a Nascar (corrida automobilística) para realizarmos uma prova que valha oficialmente no calendário da categoria em 2026. Também temos negociações com a Indy (outra prova automobilística norte-americana), por exemplo. Já estamos preparados para iniciar negociações com a NFL por, quem sabe, um contrato de quatro ou cinco anos. E estou citando apenas 3 eventos norte-americanos. São Paulo vive hoje o momento que qualquer marca, qualquer cidade que busca ser globalizada gostaria ter. Isso é uma grande vitória para a nossa cidade e para o nosso país. A gente sabe que a escolha para ser a cidade dessas partidas internacionais da NFL é bem disputada. Além da garantia de patrocinadores e de que a cidade ficasse 'à disposição' da liga, onde São Paulo se destacou a ponto de ser escolhida? A produção toda da NFL será feita por ela mesma. Ela presta contas para a cidade de São Paulo, para a SPTuris, deste investimento. Além dos patrocinadores globais, temos uma série de patrocinadores nacionais. Mas a SPTuris não é responsável por intermediar essa relação. A gente dá, entretanto, todo o respaldo em relação ao setor público, que nos compete. Além do apoio institucional, fazemos reuniões com polícia civil, polícia militar, guarda civil metropolitana, CET, Metrô e CPTM, por exemplo (Nota da redação: para esta partida, Metrô e CPTM funcionarão por 24 horas, sem interrupção). Nosso trabalho de prospecção de eventos não seria possível sem essas parcerias. Mais do que o artista, mais do que o evento em si, precisamos investir no acesso, no conforto e na segurança que o público terá, além da segurança jurídica das marcas para conseguirem investir nesse evento. Isso tudo São Paulo tem em altíssimo nível. O estado de São Paulo tem uma lei na lei (nº 9.470) que proíbe a venda de bebidas alcoolicas nos estádios em dias de eventos esportivos. Por outro lado, as marcas de cervejas são grandes patrocinadoras desses eventos. Você acha que a cidade sai atrás por causa de uma lei que só está em vigor em São Paulo? Não acho que sai atrás. O Governo do Estado se manifestou entendendo que, pelas características do evento, não haveria a proibição prevista na lei. Eu sou totalmente a favor da venda de bebidas alcoólicas nesse jogo, porque não estamos falando de um evento que tenha uma rivalidade. É uma partida extremamente festiva, muito parecida com uma Copa do Mundo, muito parecida com um show da Taylor Swift. De qualquer forma, acredito que o evento viria da mesma forma. Por outro lado, se o evento não tiver limitações em relação aos patrocinadores e ao consumo, ele se torna mais lucrativo. O número de norte-americanos vindo para o jogo também é grande. Como a cidade se preparou para se tornar bilíngue nessa semana? Se fizermos um recorte na primeira semana de setembro de 2023 em relação à primeira semana de 2024, tivemos um aumento de 133% na emissão de passagens dos Estados Unidos para São Paulo. Isso é dado da Embratur. É muita coisa. A gente tem uma expectativa de 8 mil americanos em São Paulo, sendo mais de 5 mil no estádio. É a maior locomoção de americanos para o Brasil por conta de um evento que dura apenas um dia. Teremos guias turísticos bilíngues espalhados em pontos estratégicos da cidade, além de toda a sinalização em inglês e português em trens, metrô e linhas de ônibus. Também falamos muito sobre o aumento da credibilidade de São Paulo nos Estados Unidos e no resto do mundo. O jogo será transmitido para mais de 100 países, além de todos os Estados Unidos. O retorno disso a longo prazo é muito alto. Eu acredito que, assim, as grandes marcas também queiram investir mais na nossa cidade e nos eventos que a nossa cidade tem. Isso faz São Paulo entrar definitivamente na rota dos principais eventos globais. PUBLICIDADE | | |