Economia da América Latina perde potência
Paris, 5 Jun 2015 (AFP) - Pela primeira vez em dez anos, a economia da América Latina crescerá em 2015 menos que os países industrializados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos), em um contexto de queda dos preços de matérias primas e de lenta recuperação mundial, constatou nesta sexta-feira (5) um fórum econômico em Paris.
"As economias da América Latina perdem potência", constatou Angel Gurría, secretário-geral da , no Fórum econômico América Latina e Caribe, organizado todos os anos em Paris pela própria OCDE e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na sede do ministério francês da Economia.
Mas os números são díspares para os diferentes países de um continente que "demonstrou grande capacidade de resistência ante a crise de 2008", mas que crescerá em média apenas 1% em 2015, sua taxa mais baixa nos últimos anos, segundo a OCDE.
No entanto, junto ao Brasil, em recessão em 2015 (-0,8%), ou à Argentina, com crescimento quase nulo (-0,1%), outros países mantêm um certo vigor: Chile (+2,9%), Colômbia (+3,3%), México (+2,9%) ou Peru (+3,6%), segundo previsões do organismo.
"É certo que entre 2003 e 2013" o vigor econômico do continente "tirou da pobreza extrema 50 milhões de pessoas", lembra Gurría, antes de advertir: "Estes avanços estão em risco porque o impulso dos países perde força".
"Pela primeira vez em 10 anos, a América Latina cresce [em média] menos que a OCDE", acrescenta.
Este crescimento global latino-americano de 1% (contra +3,9% de média entre 2002-2011) é claramente insuficiente. "Se a América Latina quer diminuir o abismo com os países mais avançados e ao mesmo tempo seguir tirando pessoas da extrema pobreza, deveria crescer 5%", ilustrou o presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Enrique García.
O que fazer para conseguir isso? A falta de investimentos nas infraestruturas como transportes - que faz com que os custos de frete dupliquem em relação aos países da OCDE - é destacada como um obstáculo por Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Voltar a ganhar a "confiança nas instituições, nos setores público e privado, e nos cidadãos" é uma condição indispensável para o presidente da Costa Rica, Luis Guillermo Solís, que encerrou o fórum.
"Não ocorreram transformações estruturais nos períodos de semi-bonança" na América Latina, lamentou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, que defende uma audaz "inovação tecnológica" em um continente onde a produtividade segue caindo.
"O que nos impede, como os europeus ou os asiáticos, de criar nossas próprias empresas regionais? Precisamos de uma mudança de mentalidade", declarou Bárcena.
Este Fórum anual foi realizado pela sétima vez, reunindo centenas de políticos e economistas que trabalham na América Latina ou com ela.
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