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Maduro anuncia eliminação de cinco zeros no bolívar com hiperinflação

25/07/2018 23h46

Caracas, 26 Jul 2018 (AFP) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira que eliminará cinco zeros do bolívar, dois a mais que o previsto, em meio à hiperinflação no país, que segundo o FMI poderá atingir 1.000.000% este ano.

"Em 20 de agosto começa (...) o programa de recuperação econômica com a reconversão monetária, cinco zeros a menos", disse o presidente durante reunião do gabinete.

Originalmente, Maduro havia anunciado a emissão de novas cédulas, com três zeros a menos, que entrariam em circulação no próximo dia 4 de agosto.

A entrada em vigor do novo padrão monetário já havia sido reprogramada a pedido dos bancos, já que estava prevista inicialmente para 4 de junho.

Segundo Maduro, a medida busca "facilitar as transações financeiras" e "proteger" a moeda local.

"Cinco zeros a menos, para que (...) tenhamos um novo sistema financeiro e monetário de estabilidade", afirmou o chefe de Estado.

Segundo Maduro, a hiperinflação ocorre por uma "guerra" contra a moeda local, que inclui a retirada de cédulas para outros países, como a vizinha Colômbia.

"A guerra criminosa afetou o padrão monetário da Venezuela, levou o dinheiro dos venezuelanos, mas se acabaram as máfias (do câmbio), queimamos as notas nas suas mãos", declarou Maduro.

Esta será a segunda reconversão monetária em uma década, após a adotada em 2008 pelo finado presidente Hugo Chávez (1999-2013), que eliminou três zeros do bolívar.

Serão lançadas moedas de 0,5 e 1 bolívar e notas de 2, 5, 10, 20, 50, 100, 200 e 500 bolívares.

Atualmente, um quilo de carne custa entre 5 e 6 milhões de bolívares na Venezuela.

Na segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que até o final do ano a inflação na Venezuela atingirá a cifra astronômica de 1.000.0000%.

"Estamos projetando um aumento na inflação para 1.000.000% até o final de 2018 para sinalizar que a situação na Venezuela é semelhante à da Alemanha em 1923 ou do Zimbábue no final dos anos 2000", disse Alejandro Werner, chefe do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI.

No entanto, essa estimativa "tem um grau muito maior de incerteza" do que a maioria das previsões de inflação, ressaltou Werner, acrescentando que se a taxa for de 1.200.000% ou de 800.000% "a destruição dos preços como o mecanismo de alocação de recursos já aconteceu".

A economia da Venezuela deverá sofrer uma contração de 18% este ano, o terceiro consecutivo de declínios de dois dígitos, segundo o Fundo.

Isso significa que o país que já está vendo fluxos de cidadãos fugindo da crise, enquanto os que ficam sofrem cada vez mais de doenças, falta de medicamentos e perda de peso por falta de alimentos, terá sofrido uma contração econômica 50% nos últimos anos.

Werner apontou para as "distorções" econômicas nas políticas da Venezuela, "incluindo a impressão de dinheiro para financiar o governo".

"A expectativa é de que o governo continuará com amplos déficits fiscais financiados inteiramente por uma expansão da base monetária, o que continuará a alimentar uma aceleração da inflação, à medida que a demanda por moeda continuará a colapsar".

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