Riad e Washington reagem a ataque de huthis a instalações petroleiras sauditas
O ataque com drones neste sábado (14) em duas instalações petroleiras da gigante saudita Aramco no leste do reino gerou críticas de Washington e ameaças de resposta de Riad.
Os rebeldes iemenitas huthis, apoiados pelo Irã, reivindicaram a autoria dos ataques na vizinha Arábia Saudita, que apoia militarmente as forças pró-governo do Iêmen em sua luta contra a rebelião.
O canal de TV dos huthis, Al-Massirah, falou em uma "operação de envergadura contra refinarias em Abqaiq e Khurais", no leste do reino. Esta foi a terceira ação em cinco meses contra a petroleira saudita.
"A Arábia Saudita quer e pode responder à agressão terrorista", afirmou o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, ao presidente americano, Donald Trump, em conversa telefônica, segundo uma agência de notícias pública.
"Os Estados Unidos condenam com firmeza o ataque de hoje contra uma infraestrutura petroleira-chave. As ações violentas contra zonas civis e uma infraestrutura vital para a economia global só aumentam o conflito e a desconfiança", assinalou a Presidência americana em comunicado divulgado após o telefonema.
Trump ofereceu ao príncipe-herdeiro "seu apoio à autodefesa da Arábia Saudita", destacou a Casa Branca.
"O governo dos Estados Unidos monitora a situação e mantém seu compromisso de assegurar que os mercados petroleiros mundiais sejam estáveis e estejam bem abastecidos", acrescentou.
A Arábia Saudita suspendeu temporariamente a produção nas duas instalações atacadas neste sábado, interrompendo cerca da metade do total da produção da Aramco, informou o ministro da Energia, príncipe Abdulaziz bin Salman em um comunicado publicado pela agência estatal de notícias saudita.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, não mencionou Teerã como realizadora da ação com drones, mas disse que "o Irã lançou um ataque sem precedentes contra o fornecimento mundial de energia".
O Ministério do Interior saudita havia declarado anteriormente que, "às 4h locais, as equipes de segurança industrial da Aramco intervieram em incêndios em duas de suas instalações em Abqaiq e Khurais", assinalando que os mesmos estavam controlados.
A Arábia Saudita é o maior exportador mundial de petróleo. Autoridades reforçaram a segurança em torno dos locais atacados e impediram a aproximação de jornalistas.
O sítio de Abqaiq, a 60 km de Dahran, sede principal da gigante petroleira, abriga a maior unidade de tratamento de petróleo da Aramco, segundo seu site. Khurais, a 250 km de Dahran, é um dos principais campos petroleiros da empresa pública.
O enviado da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, declarou-se "extremamente preocupado com os ataques e a recente escalada militar". Também convocou "todas as partes à moderação e evitar colocar em risco o processo de negociações das Nações Unidas" no Iêmen.
O ataque foi condenado por Emirados Árabes, Barein, Kuwait e Egito.
Entrada na bolsa
A Aramco planeja entrar na bolsa entre 2020 e 2021 e lançar no mercado cerca de 5% do capital da empresa, captando cerca de US$ 100 bilhões.
Rebeldes iemenitas reivindicam com frequência a autoria de disparos de drones ou mísseis contra alvos sauditas. Afirmam agir em represália aos ataques aéreos da coalizão liderada pela Arábia Saudita, que, desde 2015, intervém no Iêmen em apoio às forças pró-governo. A coalizão confirmou alguns destes ataques.
Os ataques dos rebeldes iemenitas, cada vez mais frequentes, mostram que os mesmos possuem armas modernas e representam uma ameaça à Arábia Saudita e, principalmente, às suas instalações petroleiras.
As ações dos rebeldes iemenitas acontecem em um contexto de tensão na região do Golfo, depois de ataques e atos de sabotagem contra embarcações petroleiras em maio e junho, que os aliados Estados Unidos e Arábia Saudita atribuíram ao Irã. Teerã negou qualquer envolvimento.
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