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Petrolífera Aramco é criticada após anunciar lucro recorde de US$ 161 bi em 2022

Maior petrolífera do mundo, empresa saudita Aramco anuncia lucro recorde em 2022 - Maxim Shemetov/Reuters
Maior petrolífera do mundo, empresa saudita Aramco anuncia lucro recorde em 2022 Imagem: Maxim Shemetov/Reuters

12/03/2023 10h55Atualizada em 12/03/2023 11h08

O grupo de petróleo Saudi Aramco anunciou neste domingo um lucro recorde US$ 161,1 bilhões (R$ 834 bilhões) em 2022, resultado impulsionado pelo aumento dos preços após a invasão da Ucrânia pelas tropas da Rússia.

A empresa, controlada pelo Estado saudita, registrou aumento de 46% no lucro líquido no ano passado, em comparação aos US$ 110 bilhões de 2021, segundo um comunicado enviado à Bolsa de Riad.

Este é o maior lucro da empresa desde sua entrada na Bolsa.

A Saudi Aramco introduziu 1,7% de suas ações na Bolsa saudita em dezembro de 2019 e conseguiu US$ 29,4 bilhões, o maior IPO (oferta pública inicial) da história.

"A Aramco conseguiu um desempenho financeiro recorde em 2022, com o aumento dos preços do petróleo devido ao crescimento da demanda no mundo", afirmou o CEO da empresa, Amin Nasser.

Assim como outros grandes grupos do setor de petróleo, incluindo Shell, Chevron, ExxonMobil, TotalEnergies e BP, que registraram lucros recordes, superando US$ 150 bilhões, a Aramco aproveitou a forte recuperação da demanda de petróleo após a pandemia e o aumento dos preços provocado pela guerra na Ucrânia.

Apesar da queda dos preços do petróleo após os recordes de 2022, os valores devem permanecer elevados este ano, apoiados principalmente pelo corte da produção aprovado em outubro pela OPEP+, a aliança de países exportadores liderada por Riad e Moscou.

A decisão foi criticada na época pelo governo dos Estados Unidos.

Crise climática

"É chocante que uma empresa esteja lucrando mais de US$ 161 bilhões em um ano com a venda de combustíveis fósseis, o principal fator da crise climática", disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, em um comunicado à imprensa.

"É ainda mais chocante que este excedente tenha sido acumulado no meio de uma crise global do custo de vida agravada pelo aumento dos preços da energia", consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, acrescentou.

A organização de direitos humanos pediu à monarquia do Golfo que use esses lucros, "os maiores já obtidos por uma empresa em um ano", segundo ela, para financiar a transição energética.

O maior exportador mundial de petróleo se comprometeu a atingir a neutralidade de carbono até 2060, sem abrir mão dos investimentos em combustíveis fósseis, despertando ceticismo de organizações ambientais.

A Aramco lançou em 2022 "o maior programa de investimentos da sua história", aumentando as suas despesas de capital em 18% para US$ 37,6 mil milhões, disse Amin Nasser no comunicado de imprensa.

A Aramco estabeleceu uma meta de reduzir a zero as emissões de gases de efeito estufa em suas instalações industriais até 2050. Essa meta não leva em consideração as emissões produzidas por consumidores de petróleo saudita no exterior.

Diversificar a economia

Nos últimos anos, as instalações da Aramco sofreram ataques com drones e mísseis, reivindicados pelos rebeldes huthis apoiados pelo Irã no conflito do Iêmen.

Mas o restabelecimento das relações diplomáticas entre Riad e Teerã, anunciado na sexta-feira após sete anos de ruptura, pode reduzir os riscos nos próximos meses.

As receitas da Aramco alimentaram o crescimento econômico do reino do Golfo, que registrou aumento de 8,7% do PIB em 2022, segundo estimativas oficiais, a maior taxa entre os países do G20.

A Arábia Saudita, maior exportadora de combustível do mundo, que busca diversificar sua economia para reduzir a dependência do petróleo, comemorou na quinta-feira o aumento das atividades fora do setor de hidrocarbonetos no quarto trimestre de 2022, a 6,2% em ritmo anual, segundo a agência saudita de estatísticas.

Mas este crescimento foi impulsionado pelos gastos públicos que "sempre estarão vinculados, de alguma forma, às receitas do petróleo", disse Justin Alexander, diretor da consultoria Khalij Economics, que destacou o papel central da Aramco na maior economia do mundo árabe.

A Arábia Saudita se comprometeu a alcançar a neutralidade de carbono até 2060, sem abrir mão dos investimentos nas energias fósseis. A aspiração é vista com ceticismo pelas organizações ambientais.

*Com informações de RFI