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Você quer escrever melhor em inglês? 'Guru' americano dá dicas em três exercícios

24/07/2019 16h08Atualizada em 24/07/2019 16h08

Você sabia que o inglês é o idioma mais estudado no mundo?

Existem cerca de 1,5 bilhão de pessoas aprendendo a falar inglês no mundo e, em 2020, o número deve saltar para 2 bilhões, segundo dados do British Council, instituição britânica que difunde internacionalmente o conhecimento da língua e cultura inglesas.

Trata-se de um idioma "violentamente irregular", diz o escritor americano Benjamin Dreyer, autor do livro "Dreyer's English", que, durante duas décadas, foi chefe de revisores de estilo na Random House, uma das principais editoras em língua inglesa do mundo.

Essa irregularidade, porém, não é suficiente para afastar o interesse pelo idioma. O inglês se transformou na linguagem mais difundida da era moderna, domina a indústria editorial, a internet, a ciência, as artes, as finanças, os esportes, a política e também as viagens internacionais.

Quando o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, disse, recentemente, que "o inglês é agora a língua franca", não estava exagerando.

O especialista em linguística David Crystal calcula que cerca de 400 milhões de pessoas têm o inglês como língua materna, e outros 700 milhões ou 800 milhões --como indianos e nigerianos-- o falam como segunda língua, porque é um idioma também usado em seu país de origem.

Além deles, há milhões de pessoas --do Chile à Rússia-- que falam inglês como língua estrangeira, que decidiram aprendê-lo mesmo que não seja um dos idiomas nativos.

Mas como se deve escrever em inglês, ou, ao menos, como escrever bem? Benjamin Dreyer, chamado pelo jornal "New York Times" de "guardião da gramática" que "vê a língua (inglesa) assim como um gourmand vê a comida", responde a essa pergunta em "Dreyer's English", que virou um best-seller nos Estados Unidos e talvez seja o único livro sobre estilo e gramática capaz de entreter o leitor e fazê-lo dar muitas risadas.

Entre os fãs declarados do livro está o cantor e compositor Sting, que o chamou, em um post no Facebook em março, de "conciso, engraçado e o exemplo quase perfeito de como escrever do jeito que ele ensina".

Veja abaixo, algumas informações e dicas extraídas do livro de Dreyer.

Quem dita as regras no inglês?

Ninguém. Como língua, o inglês vive em um estado de anarquia linguística. Nunca foi regulado e não tem patrão. Diferente do francês ou do espanhol, que têm academias encarregadas de cuidar da evolução do idioma, não existe um órgão regulador para o inglês que emita regras universais de gramática que os usuários devem seguir.

Talvez seja por isso que é muito mais fácil para o leitor moderno de francês entender Molière, do que um anglofalante entender o inglês de Shakespeare, diz Dreyer.

Outro inconveniente de um idioma que se desenvolve sem qualquer código comum é que a ortografia vira um pesadelo, o que talvez fique ainda pior pelo fato de os ingleses tenderem a "trazer com eles diferentes partes de uma língua cada vez que voltam de outro país ".

Mas também há vantagens: a versatilidade e um acesso ilimitado a um novo vocabulário.

Enquanto as pessoas se entenderem, importa como você se expressa?

Em resumo: sim.

E, mesmo que a noção do que venha a ser o inglês "correto" ou "padrão" seja vaga, um tipo de consenso informal se desenvolveu ao longo dos anos, e aderir a ele ajuda a comunicação.

É importante escrever com uma prosa clara e correta "especialmente se você estiver se comunicando em âmbito profissional", diz Dreyer, mas principalmente de modo "que as pessoas leiam e entendam o que você está tentando dizer ou que achem que sabem do que você está falando".

Uma maneira rápida de dar confiança ao inglês escrito é "com uma ortografia adequada" e prestando atenção aos "homófonos": as palavras que podem soar iguais, mas que significam coisas muito diferentes.

Exercício 1: livre-se de algumas palavras

Mesmo que não haja regras universais, você pode aperfeiçoar sua técnica de escrita "livrando-se de determinadas palavras que inundam a escrita da maioria das pessoas", diz Dreyer.

Tente passar uma semana sem escrever "very" (muito), "actually" (de fato) e "really" (realmente).

Se você conseguir fazer isso, "sua escrita vai melhorar imediatamente 20%", diz Dreyer.

Exercício 2: esqueça as "regras de mentira"

Existem "regras" que são arbitrárias, de origem duvidosa e que não farão nada pela sua escrita, mesmo que alguém lhe tenha dito o contrário. Algumas delas --vamos chamá-las de "regras de mentira"-- foram enfiadas nas nossas cabeças desde a infância ou na escola.

O conselho de Dreyer é claro: lembre-se delas e, depois, comece a ignorá-las.

"Talvez tenham dito a você que é errado começar uma frase com 'and' (e) e 'but' (mas). Ainda que isso seja motivo de controvérsia, não há justificativa específica para essa proibição", diz ele.

Atreva-se e "aceite as várias belas tonalidades que o idioma tem". "Pode ser que essas nem sempre sejam as melhores formas de começar uma frase, e nem lhe oferecem uma abertura mais forte...mas não é um erro usá-las."

Dreyer também quer libertar as pessoas da tirania de nunca terminar uma frase com uma preposição --como "on", "at" ou "in". Em alguns casos, pode não ser "uma ideia genial", mas equivocada ela também não é.

Exercício 3: mergulhe no texto

"O conselho que eu quero dar a todos que desejam escrever melhor (em inglês)", diz Dreyer, "é tornar essa experiência simples e prazerosa: pegue um texto que você admira ou algo que você acha bem feito e copie palavra por palavra".

É possível fazer isso à mão ou em um computador, mas, ao recriar a escrita de outra pessoa, "você vai ficar fascinado pelas coisas que pode aprender sobre o sentido do ritmo, a escolha das palavras, a pontuação... tudo entra por entre os seus dedos até o seu cérebro: você pode aprender muito desse jeito". "É uma forma simples e bonita de aprender a escrever bem", disse Dreyer.

Para o autor, assistentes gramaticais online disponíveis na internet podem até ser úteis --e ele, inclusive, os usa, mas acha que "não são tão bons quanto dizem por aí". "O problema é que eles são inflexíveis e autoritários demais", diz Dreyer.

"Eles não reconhecem que, às vezes, romper com o que se acredita ser 'regras sagradas da gramática' é algo que você quer fazer na sua escrita."

Então, diz ele, mesmo para os usuários mais cuidadosos, ouvir a opinião de um revisor humano continua válido. É preciso, diz ele, estar atento à possibilidade de erros.