Terceirizada da BYD nega condições 'análogas à escravidão' na Bahia

O Jinjiang Group, uma empresa terceirizada contratada pela fabricante chinesa de veículos elétricos BYD, disse, nesta quinta-feira (26), que a descrição de autoridades brasileiras de que funcionários eram submetidos a "condições análogas à escravidão" é inconsistente com os fatos e que há mal-entendidos na tradução.

Na quarta-feira (24), equipe de auditores fiscais do Ministério do Trabalho afirmou ter encontrado 163 chineses trabalhando em "condições análogas à escravidão" em um canteiro de obras de uma fábrica de propriedade da BYD na Bahia. A BYD disse que cortou relações com a empresa que contratou os funcionários e que estava trabalhando com as autoridades.

"Ser injustamente rotulado como 'escravizado' fez com que nossos funcionários sentissem que sua dignidade foi insultada e seus direitos humanos violados, ferindo seriamente a dignidade do povo chinês. Assinamos uma carta conjunta para expressar nossos verdadeiros sentimentos", afirmou o grupo na conta oficial no Weibo, uma rede social chinesa.

A declaração foi repostada por Li Yunfei, gerente geral de marca e relações públicas da BYD. Ele acusou "forças estrangeiras" e alguns veículos de mídia chineses de "deliberadamente difamar marcas chinesas e o país e minar o relacionamento entre a China e o Brasil".

Um representante da BYD direcionou a Reuters para a postagem de Li no Weibo quando perguntado sobre os comentários do Jinjiang e a situação. O grupo Jinjiang não respondeu a um pedido de comentário feito pela agência de notícias.

A BYD está construindo a fábrica com uma capacidade anual de produção de 150.000 carros inicialmente no Brasil, o maior mercado externo da gigante chinesa de veículos elétricos, como parte dos planos para iniciar a produção em 2024 ou no início de 2025. O Brasil vai aumentar as tarifas sobre os veículos elétricos importados de 18% para 35% em julho de 2026.

Na quarta-feira (24), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que a embaixada chinesa no Brasil estava se comunicando com as contrapartes brasileiras para verificar a situação.

A Jinjiang disse que houve problemas de tradução e diferenças culturais que levaram à situação, e que as perguntas dos auditores brasileiros foram "sugestivas". Ela também publicou um vídeo mostrando um grupo de trabalhadores chineses em frente à câmera, com um deles lendo uma carta que, segundo a empresa, os trabalhadores assinaram em conjunto.

A carta dizia, por exemplo, que 107 trabalhadores haviam entregado seus passaportes à empresa para obter ajuda na solicitação de um certificado de identidade temporário no Brasil. Os auditores brasileiros disseram que os trabalhadores tiveram os passaportes retidos pela empresa.

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"Estamos muito felizes por vir a Camaçari para trabalhar", declarou um homem chinês não identificado no vídeo.

"Temos cumprido as leis e os regulamentos, trabalhando duro durante o período com a esperança de que a construção do maior projeto de veículos de energia nova no Brasil possa ser concluída o mais rápido possível", acrescentou.

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