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Queda do petróleo provoca corte de 10 mil empregos no México só nesta semana

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Imagem: Shutterstock

Adam Williams e Andrea Navarro

09/01/2015 17h31Atualizada em 09/01/2015 18h09

(Bloomberg) -- Mais de 10 mil pessoas que trabalhavam em empresas mexicanas de serviços petroleiros foram demitidas nesta semana em um momento em que a estatal Petróleos Mexicanos (Pemex) está cortando contratos devido à queda do preço internacional do petróleo bruto. Mais demissões devem ocorrer.

A maioria das empresas tem sede em Ciudad del Carmen, na baía de Campeche, golfo do México, e foram informadas nesta semana de que não terão os contratos renovados com a Pemex, nome pelo qual a nona maior produtora de petróleo do mundo é conhecida.

As perdas de empregos podem chegar a 50 mil, disse Gonzalo Hernández, secretário da Câmara de Desenvolvimento Econômico da Ciudad del Carmen, em entrevista por telefone.

"A cidade está em choque", disse Stuart Hill, diretor administrativo da Xperto Offshore no México, em entrevista, na Ciudad del Carmen. "Fomos informados de que tudo se baseou nos cortes de orçamento da Pemex".

A produção de petróleo da Pemex caiu pelo 10º ano seguido em 2014. A empresa registrou um prejuízo líquido de cerca de US$ 4,4 bilhões no terceiro trimestre, sua oitava perda trimestral consecutiva.

A queda fez com que os pagamentos de impostos da empresa caíssem, levando o Ministério da Fazenda a sacar 50 bilhões de pesos (cerca de R$ 9 bilhões) da Pemex em 26 de dezembro.

A manobra teve como objetivo "tornar a gestão das finanças do setor público mais eficiente", segundo um documento da empresa enviado à Bolsa Mexicana de Valores.

Contratos 'desnecessários'

Alguns contratos não foram renovados porque os serviços já não são necessários, segundo um assessor de imprensa da Pemex, que pediu para não ser identificando devido à política da empresa. Os cortes não estão relacionados às finanças corporativas e nenhum funcionário da Pemex foi demitido, segundo o assessor.

Um memorando interno da Pemex emitido em 2 de janeiro e obtido pelo jornal "El Financiero" pedia a rescisão dos contratos de todo o pessoal técnico e terceirizado devido aos cortes de custos.

A Pemex perfurou 19 poços de exploração durante os 10 primeiros meses do ano passado, menos de um quarto da meta, segundo a Comissão Nacional de Hidrocarbonetos do México.

Os preços das ações das empresas de serviços petroleiros despencou nos últimos meses com a queda do óleo. O petróleo West Texas Intermediate caiu para menos de US$ 50 por barril nesta semana, nível mais baixo desde abril de 2009.

A Weatherford International Plc, que faz negócios com a Pemex, despencou 54% desde 25 de julho.

Reforma energética

O presidente Enrique Peña Nieto sancionou uma legislação em 2013 para abrir a indústria de energia do país ao investimento privado e permitir que exploradoras estrangeiras extraiam o petróleo mexicano pela primeira vez desde 1938.

A Pemex respondeu às medidas reformando sua divisão de exploração e produção em novembro para aumentar a eficiência.

As demissões "parecem vir de uma combinação da queda dos preços do petróleo e dos efeitos da reforma energética", disse Hill. "Todos estão com medo" de mais cortes, disse ele.