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Bancos centrais preservam trilhões de ativos como ferramentas em meio a aumentos dos juros

Simon Kennedy

06/08/2015 14h35

(Bloomberg) - Hoje, a política monetária não convencional se tornou uma parte convencional do kit de ferramentas dos banqueiros centrais, embora o aumento das taxas de juros esteja na agenda dos EUA e do Reino Unido.

As aquisições de ativos implementadas durante a crise financeira de 2008 e redobradas na subsequente luta contra a recessão agora representam uma parte permanente da blindagem que os altos funcionários empregarão como arma contra as dificuldades financeiras.

Os bonds comprados por eles incharam o balanço do Federal Reserve (Fed), do Banco da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês) e do Banco Central Europeu ao equivalente a cerca de um quinto do seu PIB. Só o Fed tem US$ 4,49 trilhões, frente a US$ 810 bilhões em 2005.

Embora tais excessos acabem sendo reduzidos, agora que a perturbação diminuiu, há poucas chances de que os balanços voltem algum dia aos níveis prévios à crise porque os banqueiros centrais estão descobrindo vantagens na administração de estoques inchados.

"É improvável que os responsáveis pela política econômica simplesmente tentem voltar às estruturas de balanço predominantes antes da crise", disseram Alain Durre e Kasper Lund-Jensen, economistas do Goldman Sachs Group Inc., em um relatório publicado recentemente.

Arsenais

O principal argumento a favor de manter os balanços inflados é que isso dá às autoridades o arsenal para que elas forneçam liquidez aos setores dos mercados financeiros que parem de funcionar no futuro. Em vez de ajustar as taxas de juros ou ter que reforçar os balanços, como fizeram depois de 2008, agora elas têm os meios para agir rapidamente e, ao identificar um alvo em particular, para atuar sem distorcer outros ativos ou a economia, que talvez não precisem de ajuda.

Portanto, se uma parte do setor financeiro se paralisar, o banco central pode tentar reanimá-la com swaps de ativos, nos quais a instituição troca os valores líquidos que possui em seu balanço pelo ativo problemático, revigorando o mercado.

Há precedentes. Depois das crises cambial do final da década de 1990, os bancos centrais asiáticos reforçaram suas reservas de moeda estrangeira para o patamar atual, de cerca de um terço do PIB, mesmo depois de uma diminuição recente. Isso lhes permite fornecer dólares a suas economias e intervir para sustentar suas taxas de câmbio se for necessário.

"Em épocas de crise, as fricções no mercado financeiro se intensificam", escreveram Durre e Lund-Jensen. "Nesse ambiente, o design - tanto o tamanho quanto a composição - do balanço dos bancos centrais é importante".