IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Airbus persegue Boeing com nova fábrica em seu mercado doméstico

Maxim Zmeyev/Reuters
Imagem: Maxim Zmeyev/Reuters

Julie Johnsson e Andrea Rothman

14/09/2015 14h43

(Bloomberg) -- O diretor-executivo da Airbus Group, Fabrice Brégier, está traçando planos para ultrapassar a Boeing nos EUA, o maior mercado aeroespacial, começando com uma nova fábrica no Alabama, EUA.

Trata-se de um movimento agressivo, considerando que a fabricante de aviões com sede na França controla apenas cerca de 20% do mercado dos EUA. Essa participação chegará a 40% quando companhias aéreas como a American Airlines receberem aviões encomendados à empresa.

A equipe de Brégier visa a uma participação de 50% em um mercado tradicionalmente inclinado em direção à Boeing.

A Airbus aumentará sua visibilidade e reduzirá custos com uma fábrica de US$ 600 milhões para aviões de corredor único, que será inaugurada nesta segunda-feira (14) na cidade de Mobile. A instalação é apenas a segundo planta desse tipo construída fora da Europa.

"Nossa primeira unidade nos EUA está há anos em processo", disse Brégier a repórteres, no domingo. "Este é o fato mais significativo e inovador do setor aeroespacial americano em anos".

Em construção

As duas primeiras aeronaves a tomar forma na unidade são jatos A321, os maiores modelos de corredor único, com os quais Brégier conta para tirar participação de mercado da fabricante de aviões com sede em Chicago. Os aviões, com mais de 200 assentos, estão se tornando um dos pilares dos voos transcontinentais da American, da Delta, da JetBlue e de outras empresas aéreas.

Em resposta à pergunta sobre se estava planejando uma nova aeronave de médio porte para enfrentar a substituição do 757 nas pranchetas da Boeing, Brégier apontou para o A321. "O avião já existe", disse ele. "Não é preciso reinventá-lo".

A maioria dos jatos construídos em Mobile será entregue a clientes norte-americanos, disse a Airbus.

As entregas deverão começar no início do próximo ano, saindo da instalação de 215 mil metros quadrados, e o ritmo de produção aumentará para quatro aeronaves por mês no início de 2018. A Airbus também produz quatro aviões A320 por mês em Tianjin, na China, país que está prestes a eclipsar a América do Norte como o maior mercado da aviação.

Localização, localização

"A localização é o que vale", disse Michel Merluzeau, vice-presidente de estratégia aeroespacial e desenvolvimento de negócios da consultoria Frost Sullivan. "O importante é onde você faz negócios e como a propriedade vai crescer ao longo do tempo".

Os dois primeiros jatos de corredor único, destinados à JetBlue e à American, estão ganhando forma na nova fábrica, cuja folha de pagamento aumentará ao longo do tempo de 260 para 1.000 funcionários. A fábrica e os aviões serão certificados pelos órgãos reguladores europeus e não pela Administração Federal de Aviação dos EUA.

"Estamos produzindo um produto europeu em solo americano com funcionários americanos", disse Timo Zaremba, que supervisiona a qualidade dos produtos na fábrica de Mobile.

Os custos de produção do jato e a capacidade fabril são vitais em um momento em que a Boeing e a Airbus planejam ampliar a produção de jatos de corredor único, que servem como verdadeiros burros de carga dentro da frota aérea global, para mais de 60 aeronaves por mês. Atualmente, a Airbus produz 42 jatos A320 por mês, mesmo ritmo de fabricação do Boeing 737.

Carteira de encomendas

As fabricantes de aviões estão correndo para recolher os lucros de uma carteira quase recorde de encomendas de jatos de fuselagem estreita: 5.181 unidades na Airbus, 4.253 na Boeing, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence.

A Boeing produz seus jatos 737 em uma única fábrica em Renton, Washington, mas a empresa está estudando abrir uma fábrica na China, onde os aviões seriam concluídos e entregues.

"Para a Airbus, o mais importante é a capacidade de adaptação", disse Merluzeau. "Como podemos liberar mais espaço em Toulouse e em Hamburgo sem comprometer a qualidade e o ritmo?".

Tecnologia pode ajudar quem tem medo de voar