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BTG Pactual busca venda de participação em rede de hospitais

Cristiane Lucchesi e Jonathan Levin

30/11/2015 20h39

(Bloomberg) -- O Grupo BTG Pactual tenta vender sua participação remanescente na maior rede de hospitais do Brasil em um momento em que o banco tenta fortalecer suas posições de caixa após a prisão do presidente do conselho da empresa, André Esteves, disseram duas fontes informadas sobre o assunto.

O BTG Pactual ofereceu uma participação de cerca de 12% na Rede D'Or São Luiz SA, de capital fechado, à Carlyle Group LP, ao GIC Pte, que é o fundo soberano de investimento de Cingapura, e a Jorge Moll, o bilionário que controla a rede de hospitais com sua família, disseram as fontes, que pediram anonimato porque as discussões não são públicas. O BTG está tentando também vender outros investimentos em capital privado, disse uma das fontes. O GIC é o mais provável comprador, disse uma outra pessoa.

Os temores em relação ao financiamento e à liquidez do BTG Pactual levaram a Moody's Investors Service e a Fitch Ratings a dizerem que estavam revisando sua classificação de crédito para um possível rebaixamento. O BTG financia cerca de 23% de seu balanço de R$ 302,8 bilhões (US$ 79 bilhões) com ações ou dívidas de longo prazo, deixando o restante vulnerável a mudanças nos custos dos empréstimos ou na confiança dos credores, das contrapartes e dos depositantes do banco.

"O BTG terá que se tornar menor", disse Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central do Brasil. "Em tempos assim, os bancos estrangeiros podem ter uma vantagem no Brasil. Existe mais confiança neles. Poderia haver uma fuga rumo à segurança".

Representantes do BTG e da Carlyle preferiram não comentar sobre a participação na Rede d'Or. O GIC também preferiu não comentar o assunto. Uma porta-voz da Rede D'Or disse, em um comunicado enviado por e-mail, que a família Moll não está negociando a compra da participação do BTG.

O BTG deixou de fazer empréstimos e está adotando outras medidas para preservar a liquidez, disse Pérsio Arida, que foi nomeado CEO interino da empresa no dia 25 de novembro e no domingo foi nomeado presidente do conselho, em entrevista ao Financial Times, na sexta-feira. Um representante do BTG confirmou os comentários publicados pelo FT.

O BTG comprou 25,6% da Rede D'Or, que tem sede em São Paulo, em 2010, por cerca de R$ 600 milhões, disse no início do ano uma fonte informada sobre o assunto. Em maio, o BTG Pactual vendeu metade de sua participação na Rede D'Or para o GIC por R$ 1,6 bilhão, segundo o banco. Em agosto, o BTG Pactual estava negociando a venda de uma pequena participação à Carlyle, empresa de private-equity com sede em Washington, disseram fontes informadas sobre o assunto na época.

Queda nas ações

Esteves, que é também fundador e sócio controlador do BTG Pactual, foi preso no dia 25 de novembro em conexão com a abrangente investigação brasileira à corrupção no entorno da empresa petrolífera estatal, a Petrobras. As ações do banco com sede em São Paulo caíram 26% desde a prisão de Esteves e o rendimento de seu título de referência subiu para mais de 11%.

Esteves, 47, foi transferido da sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro para uma penitenciária comum conhecida como Bangu 8 depois que o pedido de libertação apresentado por seu advogado foi negado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, na noite de quinta-feira.

"O banco é sólido e tem uma posição financeira robusta", escreveu Arida, em uma carta a clientes, na sexta-feira. Um representante do banco confirmou a declaração. "Estamos analisando os fatos ligados às acusações contra o senhor Esteves para garantir que todos os problemas sejam esclarecidos o quanto antes".