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Siderúrgica indiana soa alarme por inundação de oferta chinesa

Swansy Afonso

27/07/2016 13h04

(Bloomberg) -- O setor siderúrgico internacional não está fora de perigo, mesmo após a recuperação dos preços deste ano, e a oferta da China continua sendo uma preocupação significativa, segundo Sajjan Jindal, presidente do conselho da JSW Steel, a segunda maior produtora da Índia.

Ainda há um enorme excesso de capacidade na China, disse Jindal em entrevista após a reunião geral anual da empresa, em Mumbai. "Nosso maior temor está ligado ao desempenho da China e ao que eles estão fazendo em um momento em que a maior parte de suas empresas está em funcionamento graças à política do governo de aplicar altos subsídios", disse ele.

Os preços do aço se recuperaram neste ano após uma sequência de cinco declínios anuais, aliviando a pressão sobre as margens de lucro das usinas.

Apesar de ter prometido reduzir sua capacidade em 150 milhões de toneladas até 2020, a China continua exportando seu aço excedente em meio ao crescimento mais lento em décadas. Isso levou países como Índia e EUA a elevarem as tarifas e a introduzirem medidas antidumping.

'Grande preocupação'

"Todos os países do mundo vêm aplicando taxas e medidas antidumping para se protegerem", disse Jindal na terça-feira, descrevendo a oferta da China como uma "grande preocupação". A Índia deverá impor taxas antidumping às importações antes do fim do chamado regime de preços mínimos do país, no mês que vem, ou a indústria local voltará a sofrer, disse ele.

A Índia elevou os impostos de importação, aplicou direitos de salvaguarda até 2018 e impôs preços mínimos para as importações para conter a entrada dos produtos e ajudar os operadores domésticos.

As importações de aço caíram 31%, para 1,8 milhão de toneladas, no período de três meses até junho em relação ao mesmo trimestre do ano passado, após subirem para um recorde de 11,7 milhões de toneladas no ano financeiro que terminou em 31 de março, segundo números oficiais.

Os preços dos vergalhões de aço subiram 35% neste ano na China porque a demanda local do maior produtor mundial se mostrou mais resiliente do que a esperada com a interferência do governo para estimular o crescimento. A recuperação ocorre após uma queda de 31% em 2015 e um recuo de 27% no ano anterior.

O ressurgimento ajudou as siderúrgicas, mesmo com a exportação de um volume recorde pela China no primeiro semestre.

Na semana passada, a sul-coreana Posco reportou um forte aumento de 47 por cento no lucro trimestral e a Nucor, maior produtora dos EUA, também reportou lucros maiores com o aumento dos preços após o governo adotar medidas para conter a onda de importações. As ações da JSW Steel acumulam alta de 63 por cento no ano após subirem na quarta-feira.