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Herdeiro do bourbon Jim Beam quer construir império da maconha

Wesley Allen/Divulgação
Imagem: Wesley Allen/Divulgação

Simone Foxman

14/05/2018 12h58

(Bloomberg) -- Pouco depois do término da Lei Seca nos EUA, um dos antepassados de Ben Kovler investiu US$ 5.000 em uma família de destiladores liderados por James Beauregard Beam.

Kovler, de 39 anos, vê semelhanças entre a indústria de bebidas alcoólicas dos anos 1930, quando seu bisavô Harry Blum ajudou a transformar a Jim Beam em uma das marcas de bourbon mais famosas, e o atual mercado da cannabis. Com o fim do que ele chama de "Proibição 2.0", Kovler se prepara para abrir o capital da Green Thumb Industries no Canadá.

A GTI, que cultiva, processa e possui dispensários em seis estados dos EUA, planeja abrir o capital no mês que vem através de uma fusão reversa com uma empresa canadense já listada, disse Kovler, fundador e presidente da companhia, em entrevista. Ele também é o maior acionista.

As perspectivas para o setor da cannabis nos EUA nunca estiveram tão viçosas, já que a maioria dos americanos atualmente defende a legalização. Vinte e nove estados permitem o uso médico ou recreativo da maconha e as vendas devem chegar a US$ 75 bilhões em 2030, de cerca de US$ 6 bilhões em 2016, segundo Cowen & Co.

Como a lei federal ainda proíbe a maconha nos EUA, produtores estão se voltando para o Canadá, onde a legalização total deve ser instaurada neste ano.

Kovler disse que ele e o CEO Pete Kadens, de 40 anos, esperam expandir o negócio rapidamente antes que mais mercados dos EUA se abram. A GTI opera 12 dispensários em Maryland, Massachusetts, Nevada, Pensilvânia e Illinois, e tem planos de se expandir para a Flórida.

Com produtos em mais de cem lojas, a receita da empresa superou US$ 20 milhões no ano passado e deve ultrapassar US$ 70 milhões neste ano, disse Kovler.

Depois de fechar uma rodada de financiamento de US$ 45 milhões neste ano, com o apoio de investidores principalmente dos EUA, a GTI está se voltando para o Canadá porque o custo de levantar capital lá será mais barato, disse ele. A empresa pretende usar o dinheiro para adquirir ou construir instalações e obter licenças em mais mercados.

Maconha ilegal

Harry Blum comprou a participação de seus sócios na Jim Beam por aproximadamente US$ 1 milhão em 1941, de acordo com "American Still Life", um livro sobre a história da marca. O avô de Kovler, Everett, ampliou o alcance da Jim Beam para a Europa antes de vender a empresa à American Tobacco em 1967. Ben Kovler não quis revelar o preço de venda.

Como o DNA da GTI remonta às destilarias do Kentucky, talvez seja apropriado que Kovler queira emular pesos-pesados do setor de bebidas alcoólicas, como a Diageo, e se aventurar além da maconha. Por exemplo, a empresa planeja vender aos consumidores as virtudes de seus produtos vaporizadores.

"Estamos saindo do mundo das bebidas ilegais e entrando no mundo dos coquetéis", disse Kovler. "As pessoas chegam reclamando que a maconha ilegal queima a garganta, e nós lhes oferecemos o equivalente a um rum com Coca-Cola. Buscamos estabelecer um relacionamento autêntico com os consumidores, do mesmo modo que as companhias de bebidas alcoólicas fizeram com a cerveja e o vinho."

(Com a colaboração de Doug Alexander)