Alta nos preços dos alimentos leva 44 mi de pessoas à pobreza
Alfonso Fernández.
Washington, 15 fev (EFE).- Cerca de 44 milhões de pessoas foram arrastadas para baixo da linha da pobreza pelo aumento dos preços dos alimentos, que se encontram em "níveis perigosos", alertou nesta terça-feira em um relatório o Banco Mundial (BM).
O presidente do BM, Robert Zoellick, qualificou a situação de "perigosa" e pediu aos líderes do G20, que se reunirão dentro de alguns dias em Paris, que considerem a questão dos alimentos como um tema "fundamental" da agenda.
Segundo o último relatório do BM, os preços mundiais dos alimentos subiram 15% entre outubro de 2010 e janeiro de 2011, o que significa um aumento de 29% em relação ao ano anterior, apenas 3% abaixo do número recorde de 2008.
"A alta dos preços está empurrando milhões de pessoas para a pobreza, especialmente os mais vulneráveis, que gastam mais da metade de sua renda em comida", explicou em entrevista coletiva Zoellick.
O presidente do BM destacou que a "crescente volatilidade dos preços, devido ao aumento dos estoques e ao aumento da demanda, somada às adversas condições meteorológicas" pode transformar o tema em um "grande problema".
Entre os alimentos que mostraram um aumento especial se encontra o trigo, que duplicou nos últimos seis meses; o milho, que disparou 73%; e o açúcar, que registrou um aumento de mais de 20%.
No entanto, o BM assinalou que o comportamento moderado dos valores do arroz, cujos preços subiram a um ritmo menor, evitou que o número de pessoas que ultrapassaram o nível da pobreza fosse maior.
O organismo internacional reconheceu que a alta dos preços fez com que 24 milhões de pessoas ultrapassassem o nível da pobreza devido a suas rendas, mas destacou que os afetados por esta alta foram mais de 68 milhões de pessoas, o que deixa o número líquido em 44 milhões de pessoas vivendo sob a linha da pobreza.
O BM situa a linha de pobreza em uma receita de menos de US$ 1,25 por dia.
O Banco Mundial aconselhou como medidas para frear os efeitos deste aumento agudo "a extensão de programas de segurança alimentar, a eliminação das restrições à exportação e a redução do uso de tecnologias biocombustíveis".
Zoellick não vinculou esta alta dos preços com os recentes protestos em diversos países árabes, como o Egito e a Tunísia, mas reconheceu que se não for feito frente à crise "a pressão sobre sistemas políticos frágeis pode aumentar e se juntar aos motivos dos protestos".
A ONG Oxfam destacou a especulação como uma das principais causas deste encarecimento dos preços dos alimentos.
"As reservas globais de grãos ainda são relativamente saudáveis. As provas circunstanciais apontam para a especulação como responsável pela crise no preço dos alimentos", afirmou em comunicado Luc Lampriere, porta-voz da Oxfam.
"Desde 2002, US$ 200 bilhões têm sido canalizados para o mercado de alimentos pelos fundos de investimento", acrescentou ao ressaltar que estão "superaquecidos".
A Oxfam pediu aos líderes das principais economias do mundo, que se reunirão em Paris, que tomem medidas perante a alta dos preços antes que escape do alcance dos mais pobres.
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