PEC será usada para mudar teto por cessão onerosa, confirma Mansueto
Idiana Tomazelli e Lorenna Rodrigues
Brasília
29/05/2019 17h38
Mansueto informou que o tema já tem sido discutido com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e que muito provavelmente o relator da PEC do Orçamento Impositivo já vai incorporar as mudanças em seu parecer, sem necessidade de envio de uma proposta para ser apensada.
O secretário alertou que não é recomendável usar essa nova emenda para incluir outras exceções ao limite, uma vez que o governo ainda enfrenta cenário de elevação da dívida pública. "Se mexer no teto agora (para além das exceções devido ao pré-sal), perde a âncora fiscal", alertou.
Ele ressaltou que as duas transferências a Estados e municípios que serão excepcionalizadas do teto - divisão do bônus do leilão e do Fundo Social do Pré-sal, que recebe royalties de exploração - se assemelham a outras transferências constitucionais. Por isso, não haverá prejuízo à âncora fiscal nesses casos.
O secretário ressaltou ainda que a emenda do teto já prevê possibilidade de mudança em 2026 no índice que corrige o valor máximo, por meio de lei complementar. Ele sinalizou que essa mudança poderá ser feita sobretudo num cenário de trajetória mais saudável da dívida pública. "Mesmo com privatizações, a dívida pode cair, mas a dinâmica continua crescente", explicou.
Hoje, as projeções do Tesouro indicam um pico da dívida entre 2022 e 2023 e queda leve no período subsequente. Mas o patamar da dívida ainda será elevado.
No sumário executivo divulgado juntamente com os números fiscais de abril, o Tesouro informou que "enquanto não se consiga colocar a dívida pública bruta em uma clara trajetória de queda como porcentagem do PIB, será necessário continuar com o esforço de ajuste fiscal no Brasil por meio do cumprimento da emenda do teto de gastos". O cenário negou que essa tenha sido uma sinalização para a possibilidade de flexibilização do teto.
Mansueto ressaltou ainda que uma maior liberdade para receitas e despesas no Orçamento é necessária. "Receita vinculada está se tornando uma tremenda dor de cabeça no setor público", afirmou.