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Inflação e redução de auxílio prejudicam desempenho de supermercados, diz IBGE

Vendas recuaram mesmo antes do ajuste da inflação no período, apontam os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) - SERGIO MORAES
Vendas recuaram mesmo antes do ajuste da inflação no período, apontam os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) Imagem: SERGIO MORAES

Daniela Amorim

Rio

15/01/2021 14h22

O mau desempenho do setor de supermercados impediu que o varejo crescesse na passagem de outubro para novembro, segundo Cristiano Santos, analista da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor registrou uma perda de 2,2%, derrubado pela inflação de alimentos e pela redução no pagamento do auxílio emergencial, que diminuiu a capacidade de consumo das famílias.

"Aumentou a parcela da população que recebeu metade do que recebia. Isso é um fator que reduz a capacidade de você realizar algum tipo de consumo. Nesse contexto, pode acontecer de a atividade de hiper e supermercados sentir mais a diminuição (do auxílio)", confirmou Santos.

A receita nominal do segmento de hipermercado e supermercados recuou 0,8% em novembro ante outubro, ou seja, as vendas recuaram mesmo antes do ajuste da inflação no período, apontam os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).

"O cenário de hiper e supermercados é muito importante para a PMC, representa algo entre 43% e 45% de peso de toda a atividade (varejista). Então a queda de hiper e super explica bastante a queda do indicador de forma geral. Teve queda na receita, mas a queda no volume foi maior. A diferença da receita para o volume é a inflação", explicou Santos.

Segundo o pesquisador, as atividades do varejo que cresceram em novembro foram impulsionadas pela campanha de promoções Black Friday, além da expansão do crédito e dos juros ainda em patamares baixos: Livros, jornais, revistas e papelaria (5,6%), Tecidos, vestuário e calçados (3,6%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,0%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,6%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,4%).

Além de supermercados, houve perdas em Combustíveis e lubrificantes (-0,4%) e Móveis e eletrodomésticos (-0,1%), mas Santos acredita que houve uma antecipação de compras desse último setor ao longo da pandemia.

Na média global, o varejo teve ligeira redução de 0,1%, mas Cristiano Santos afirma que a leitura não é de queda, mas sim de estabilidade, uma acomodação, em um cenário que sucede seis altas consecutivas.

No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, houve um avanço de 0,6%.

"Veículos tiveram recuperação nos últimos meses, fazendo com que o ampliado ficasse no campo positivo", disse Santos.

Na comparação com novembro de 2019, o varejo cresceu 3,4% em novembro de 2020, impulsionado pela Black Friday, diz o pesquisador do IBGE. Os varejistas que relataram alguma influência da campanha de promoções sobre o desempenho de novembro contribuíram com 3,1 pontos porcentuais para a taxa global do varejo no período.