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Copom retomará ajuste da Selic caso desinflação não ocorra como esperado

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues

Brasília

27/09/2022 08h55Atualizada em 27/09/2022 09h26

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central repetiu nesta terça-feira, 27, por meio da ata de seu último encontro, que vai avaliar se a estratégia de manutenção da taxa Selic por um período "suficientemente prolongado" garantirá a convergência da inflação. Além disso, reforçou o alerta de que "não hesitará" em retomar as altas dos juros básicos caso a desinflação não ocorra como esperado, após lembrar que os passos futuros de política monetária poderão ser ajustados.

Na semana passada, o Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano, encerrando o mais longo ciclo de alta de juros da sua história. O Copom ainda destacou que seguirá "vigilante" e reafirmou que "irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".

Combustíveis

O Copom também esclareceu, por meio da ata, que, caso a desoneração de impostos federais sobre os combustíveis seja mantida em 2023, voltará a enfatizar horizontes que incluam o primeiro trimestre de 2023 na estratégia de política monetária.

"No entanto, o Copom avalia que não haverá impactos relevantes sobre a condução de política monetária, uma vez que os efeitos primários de tais medidas já estão sendo desconsiderados", ponderou no documento.

Atualmente, o Copom está optando por dar ênfase no horizonte de 12 meses até o primeiro trimestre de 2024, porque avalia que "limpa" os ruídos causados pela política tributária patrocinada pelo governo para aliviar os preços de combustíveis. "O Comitê optou por novamente dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente em suas projeções e nota que essa decisão é condicional ao caráter temporário dos impostos", destacou.

Enquanto a maior parte do mercado já considera no cenário básico a manutenção da política em 2023, prevista inicialmente para acabar no fim deste ano, o comitê trata essa possibilidade apenas como um risco de baixa.

Atualmente, o BC projeta 3,5% para a inflação oficial (IPCA) em 12 meses no primeiro trimestre de 2024. Assim como no Copom de agosto, o colegiado considerou que a projeção "segue compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante". Além disso, também avaliou que a projeção para o fim de 2024, de 2,8%, também se encontra "ao redor da meta". O centro da meta para 2024 é de 3,0%.

Mas o comitê ponderou que há incerteza nas projeções pontuais. "Essa avaliação reflete a visibilidade abaixo do normal do cenário prospectivo, que eleva a incerteza das projeções pontuais comunicadas pelo Comitê em horizontes mais longos."

O Copom ainda destacou que a discussão de política monetária na semana passada foi iniciada com a avaliação do ciclo de alta empreendido até a reunião, de 11,75 pontos porcentuais, o mais forte choque de juros desde 1999, o que o comitê caracteriza como "bastante intenso e tempestivo".

Mas o BC voltou a avaliar que "devido às defasagens longas e variáveis da política monetária, ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado, bem como seu impacto sobre a inflação corrente".

"Esses impactos devem ficar mais claros nos indicadores de atividade ao longo do segundo semestre, mas o Comitê antecipa que medidas de sustentação da demanda agregada dificultam uma avaliação mais precisa sobre o estágio do ciclo econômico e dos impactos da política monetária", repetiu, em referência aos auxílios criados pela PEC "Kamikaze", como o aumento do Auxílio Brasil e os vales para taxistas e caminhoneiros.