Após subir na máxima, Ibovespa piora e testa os 119 mil pontos por sinal de 'fritura' de Haddad

Depois de subir 0,70%, na máxima aos 122.482,51 pontos, o Ibovespa passou a cair e há pouco desceu mais um degrau, cedendo para o nível visto em 13 de novembro do ano passado (mínima aos 119.878,23 pontos). Desta forma, já perdeu cerca de 2.650 pontos entre a máxima (122.482,51 pontos) e a mínima (119.830,26 pontos). Ao mesmo tempo, só cinco ações subiam perto das 11h20, de um total de 86, diante do crescimento das preocupações fiscais e sinais de isolamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

"A devolução da MP de PIS/Cofins pelo Congresso gera essa fritura no Haddad e tem o risco fiscal. Somando tudo isso, o resultado é fuga dos ativos do Brasil", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Além do Ibovespa, os juros futuros caem com força e o dólar à vista sobe a R$ 5,4299.

Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, completa que os ruídos políticos tendem a fazer com que os investidores voltem seus olhares para as questões internas, dado que o exterior indica uma melhora, especialmente após o CPI dos EUA, hoje.

"O fiscal volta a ser o grande problema. Não sabemos como o governo fará para controlar os gastos. A fala do Haddad na sexta de que o governo tenha de fazer novos contingenciamentos de gastos até o fim do ano, essa questão do PIS/Cofins, tudo isso deteriora a percepção fiscal", avalia Moreira.

Na terça, o Congresso recusou a medida provisória criada pelo governo para restringir o uso de créditos tributários por parte de empresas. A devolução representa uma derrota para Haddad, que propôs a medida como compensação à desoneração da folha de pagamentos dos 17 setores que mais empregam no País e dos municípios.

"Se o Randolfe precisa falar que o Haddad ainda tem força no Congresso é porque tem algum problema ai", alerta Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos, diz em referência à defesa de Haddad pelo senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), em entrevista à GloboNews.

Já no exterior, há queda dos rendimentos dos Treasuries e valorização das bolsas europeias e americanas, refletindo o CPI americano menos robusto do que o esperado. O resultado tende a permitir ao Federal Reserve (Fed) iniciar o corte de juros básicos em algum momento. Contudo, para a decisão de hoje é esperada manutenção das taxas. O anúncio será às 15 horas.

"O CPI veio excelente e sugere que a economia está desacelerando. Desta forma, volta a possibilidade de dois cortes de juros nos Estados Unidos", avalia Laatus.

Segundo Moreira, da One, agora, o mercado ficará de olho no gráfico de pontos que o Fed divulgará após a decisão de juros, à tarde, e indicará quantas quedas poderão ocorrer. "Sem dúvida hoje deve manter as taxas no nível atual, mas o gráfico indicará a quantidade à frente. Só que por enquanto esse CPI não terá impacto nesse gráfico mas nos próximos", avalia.

No índice de preços dos EUA de maio, o CPI. Laatus chama a atenção para o sinal de desaceleração dos preços do setor de serviços. "Não só a atividade está arrefecendo, mas também a inflação. Isso é tudo o que se espera para o Fed começar a cortar os juros, e animou os mercados até mesmo no Brasil", completa Laatus.

Ontem, o Ibovespa subiu 0,73%, aos 121.635,06 pontos, depois de perder esta marca nas duas últimas sessões.

Às 11h28, cedia 1,02%, aos 120.399,76 pontos.

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