Haddad diz que inflação preocupa um pouco, mas alerta para efeito dos juros
Brasília
11/09/2024 12h36
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (11) que a inflação ainda "preocupa um pouquinho", mas destacou que a maior parte das incertezas está concentrada no efeito do clima sobre o preço de alimentos e energia. Segundo ele, o BC (Banco Central) tem um quadro técnico "bastante consistente" para tomar a melhor decisão sobre a taxa Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
"Essa inflação, advinda desse fenômeno (clima), não se resolve com juro, juro é outra coisa", disse Haddad a jornalistas, na entrada da sede da Fazenda, em Brasília. "Mas o Banco Central está com um quadro técnico bastante consistente para tomar a melhor decisão, e nós vamos aguardar o Copom da semana que vem."
Haddad havia sido indagado sobre a opinião da Fazenda sobre o aumento da trajetória da Selic esperada no relatório Focus. Na segunda-feira, o boletim mostrou que o mercado passou a esperar um ciclo de quatro altas de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros, que subiria a 10,75% no Copom da próxima semana e a 11,5% em janeiro de 2025.
O ministro disse que a pasta está preocupada com as queimadas que atingem o País desde a semana passada. Segundo o chefe da equipe econômica, a preocupação no governo é que a maioria das queimadas ocorre em propriedades privadas e é provocada pela ação humana.
"Nós precisamos gerir essa questão", disse Haddad. "Já fizemos muita coisa errada com o meio ambiente e, se acelerarmos um processo de ação humana deletéria contra o meio ambiente, vai causar mais prejuízo do que o que está contratado pela crise, então, nós temos de agir."
Ele não respondeu se o governo pretende usar recursos adicionais para ajudar a combater o fogo.
Revisão do PIB
O ministro disse ainda que a revisão do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano deve prever uma taxa de 3% ou "talvez até um pouco mais". A nova projeção deve ser divulgada nesta semana pela SPE (Secretaria de Política Econômica) da pasta.
Para Haddad, um "piso de 3%" já está praticamente contratado. "Atividade econômica continua vindo forte. Hoje tivemos um dado de serviços forte", afirmou o ministro, lembrando que a nova previsão para o crescimento do PIB também deve impactar para cima a projeção da arrecadação.
Ele comentou ainda que a pasta está acompanhando o mercado de trabalho devido ao seu "crescimento consistente" e com foco no investimento.
Segundo ele, pela avaliação da SPE, a evolução no setor de serviços pode estar mais relacionada com a alta dos investimentos do que com o consumo das famílias. "Então é um dado consistente e positivo para o crescimento do PIB", disse Haddad.