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Parar de fumar pode gerar economia de R$ 1.728 por ano, equivalente a TV de 42"

A top Kate Moss causa polêmica ao desfilar fumando um cigarro na semana de moda de Paris - Efe/AP
A top Kate Moss causa polêmica ao desfilar fumando um cigarro na semana de moda de Paris Imagem: Efe/AP

29/09/2011 16h31Atualizada em 29/09/2011 18h16

SÃO PAULO – O tabagismo, considerado uma epidemia por médicos do mundo todo, causa os mais variados tipos de problemas de saúde. Mas não é só: também prejudica o orçamento familiar. O IVC (Índice de Custo de Vida) do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que 1,7% da renda familiar é gasta com cigarro.

Na prática, de acordo com calculadora da Sociedade Brasileira de Cardiologia, se uma pessoa que fuma diariamente um maço de cigarros a um preço médio de R$ 4,80 deixasse de fumar por um ano, ela conseguiria economizar R$ 1.728.

É simples entender o que os gastos com o tabaco significam: uma TV LCD de 42 polegadas, cerca de seis cestas básicas ou ainda três passagens para Buenos Aires.

Ataque ao bolso

Para o médico pneumologista e sanitarista, Alberto José de Araújo, o fumante precisa pensar nas perdas financeiras que sua dependência acarreta e, no longo prazo, nos gastos para remediar os efeitos nocivos do cigarro que podem comprometer o orçamento familiar.

"Motivados pela dependência, muitos fumantes não percebem que, se deixassem de gastar seu dinheiro com cigarro, seria possível investir em bens essenciais, como uma melhor alimentação, melhor qualidade de vida e também em bens como viagens, eletroeletrônicos de última geração, entre outros".

Na avaliação do médico, atualmente, os consumidores recebem muitas informações sobre os danos do tabaco para a saúde, mas não são suficientes. "Cerca de 70% a 80% das pessoas pensam em parar, mas podem levar um tempo para tomar alguma iniciativa", explica.

Preço: parar de fumar x tratar doenças

Apesar das recentes notícias sobre o aumento da tributação incidente sobre os produtos derivados do tabaco, o Brasil é o quinto país onde este produto tem preço mais acessível.

Esse fato só reforça a preocupação de que a dependência à nicotina, além de ter um preço caro para o bolso e para a saúde do fumante, também causa prejuízos à família dele e à sociedade em geral, uma vez que os custos com o cigarro acabam recaindo sobre ela.

"Consciente do impacto do cigarro sobre sua saúde física e econômica, o fumante que decide parar de fumar percebe que o tratamento para este fim sai bem mais em conta do que aquele direcionado para tratar doenças como câncer, efisema, acidente vascular cerebrasl e infarto do miocárdio", destaca Araújo.

E o médico ainda acrescenta: "Além disso, ele sentirá que a cessação representará uma grande diferença em termos de qualidade de vida, realização de sonhos e de melhorias no bem-estar de sua família. São benefícios tão evidentes, que são incapazes de serem medidos".

Custo público

Para o pneumologista, apesar do tabagismo estar diminuindo no Brasil, os custos sociais e econômicos para tratar doenças relacionadas ao tabaco são gigantescos. Para se ter uma ideia, anualmente o SUS (Sistema Único de Saúde) gasta R$ 426 milhões, o que compromete 5,43% de sua verba.

Enquanto o debate sobre as maneiras de fazer com que o fumo seja menos prevalente não chega a um fim, os médicos tentam correr atrás dos prejuízos.

"A proibição de qualquer forma de publicidade, programas de prevenção à iniciação dos jovens, tratamento dos fumantes vitimados pelo hábito e as campanhas são algumas medidas fundamentais para conter o avanço dessa epidemia, que afeta cofres públicos, o bolso do fumante e a situação econômica de sua família", conclui Araújo.