Letras financeiras são opção de renda fixa: confira vantagens e desvantagens
SÃO PAULO – Dentro da variada gama de opções disponíveis no mercado de renda fixa, as letras financeiras – pouco conhecidas do público em geral – aparecem como uma alternativa interessante de diversificação para o investidor pessoa física.
Uma das principais vantagens deste tipo de aplicação é o rendimento, que costuma ser maior do que o do CDB (Certificado de Depósito Bancário) – outro título emitido pelos bancos para captar recursos. Isto porque, desde o final do ano passado, as Letras Financeiras estão livres do recolhimento do depósito compulsório. Enquanto ao emitir um CDB, o banco precisa deixar 32% do valor como reserva compulsória junto ao Banco Central, isso não acontece mais com as letras financeiras.
Entretanto, há algumas desvantagens. Em primeiro lugar, o valor mínimo para aplicação é de R$ 300 mil, o que deixa a grande maioria dos pequenos investidores brasileiros de fora deste tipo de aplicação.
Outro entrave é o prazo: estes títulos só podem ser resgatados após 24 meses, portanto, se o investidor precisar do dinheiro antes, terá problemas. “Os bancos recompram no máximo até 5% do valor da emissão. Não é como no CDB, que se o investidor precisar resgatar antes do prazo de carência, pode fazer, respeitando as regras preestabelecidas pela instituição”, afirmou o head do BNP Paribas Wealth Menagment, Mauro Rached, durante seminário sobre o tema realizado em São Paulo.
O que são
As letras financeiras são títulos privados emitidos por instituições financeiras – como uma espécie de debênture – para captar recursos. “As instituições financeiras brasileiras possuem restrições em relação à captação de recursos (funding) e as Letras Financeiras surgiram como uma alternativa para esta escassez”, afirma o sócio do escritório de advocacia Mattos Filho, José Eduardo Carneiro Queiroz.
Uma das maneiras das instituições captarem recursos é por meio da emissão de CDB. Entretanto, de acordo com Queiroz, a captação dos bancos pelo CDB não é tão fácil. “O CDB é muito específico em relação aos prazos, garantias, às formas de remuneração”, afirma Queiroz. “Por isso, as letras financeiras podem facilitar a captação de recursos por parte dos bancos”, diz.
Popularização das letras
Para o gerente de renda fixa da BM&FBovespa, Danilo Pitarello, para aumentar a popularidade deste tipo de investimento, em primeiro lugar seria necessário reduzir o valor mínimo de R$ 300 mil de investimento inicial. “Sem dúvida este é um valor que não atinge a toda parcela da população”, afirma.
Outra questão que precisa ser melhorada para aumentar o número de investidores é a falta de liquidez do mercado secundário. “O investidor precisa ter uma saída se precisar vender os títulos”, diz.
Proteção para o investidor
Apesar de ser um título de renda fixa e de o risco para o investidor ser pequeno, ele existe. Se a instituição financeira quebrar, por exemplo, o investidor pode ficar no prejuízo já que não existe cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que no caso do CDB garante o ressarcimento de até R$ 70 mil em caso de falência do banco emissor.
“Qualquer investimento tem risco. No Brasil, o mercado é suficientemente maduro para você ter uma regra de passar a informação e deixar as pessoas escolherem”, afirma Queiroz, do escritório Mattos Filho.
Ao mesmo tempo, o fato das Letras Financeiras não terem essa garantia, também contribui para que seu rendimento seja maior do que o CDB, diz Queiroz. “Se o investidor tem muita proteção, a remuneração pode ser menor do que se você tiver um pouco mais de risco”, diz.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.