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Com produção cada vez menor, corrida da OGX agora é contra falência

18/02/2014 13h08

SÃO PAULO - A produção de petróleo da OGX Petróleo (OGXP3), agora Óleo e Gás Participações, em Tubarão Martelo voltou a cair nos 8 primeiros dias de fevereiro, batendo uma média de 9.830 nos oito primeiros dias do mês, informou a Bloomberg. Essa é mais uma má notícia para uma empresa que vem em um momento crítico de sua reestuturação. 

Com isso, a corrida da empresa agora é contra a própria falência. Há, no seu acordo, a necessidade de que se atinja uma meta de produção já estabelecida pelos credores. Sem ela, que não se sabe quanto é, não há acordo e a empresa enfrenta a falência já nos próximos dias. Pode ser possível que a meta de produção já tenha sido alcançada, já que o campo de Tubarão Martelo produz mais petróleo do que o necessário para ser uma atividade lucrativa. 

Ainda faltam outras pendências, como convencer alguns credores e obter acordos com fornecedores. A empresa também não pode sofrer nenhum evento adverso, como ser retirada do campo de BS-4. No momento, as ações e os títulos de dívida não parecem dar muita crença para isso: os papéis estão a R$ 0,27 e os títulos de dívida a US$ 0,045.

"Os títulos estão operando a um valor muito baixo e mesmo assim ninguém lá fora está dizendo que há valor neste ponto. Isto é extremamente raro", alerta Wilbur Matthews, CEO (Chief Executive Officer) da Vaquero Global Investment, em entrevista à Bloomberg. 

Com isso, chega-se a conclusão de que os investidores estrangeiros não estão avaliando o potencial da empresa antes de fechar a operação - por temores de que ela não venha a ser finalizada ou de que a diluição seja excessiva depois que o acordo de DIP (Debtor in Possession) seja fechado definitivamente. Com base no acordo, os credores terão 90% da OGX e os novos minoritários, Eike incluído, cerca de 10%.

Valor da empresa
Nesse atual momento, o preço das ações da OGX muito tem a ver com as expectativas sobre Tubarão Martelo - e se isso vai ou não conseguir salvar a empresa pelos próximos anos. No momento, operacionalmente, apenas TM importa. As expectativas sobre BS-4 também são importantes, a ponto da empresa ressaltar que, se vier a sofrer um revés referente ao campo, seu plano de resgate frente aos credores pode ser cancelado.

Alguns dos campos devolvidos recentemente, como Tubarão Tigre, Tubarão Areia e Tubarão Gato, já tiveram suas baixas contábeis e não eram considerados nem mesmo no balanço da empresa. O mesmo é válido para Tubarão Azul, onde os testes estão sendo feitos e podem fazer com que o campo seja reativado em breve, o que pode impulsionar a produção de petróleo da companhia no curto prazo.

Neste momento de crise, as outras duas notícias também tem suas importâncias reduzidas: a entrega do plano de recuperação judicial era amplamente esperado e, por mais que seja um passo importante para a recuperação da empresa, era amplamente sabido que seria entregue por volta desta data.

Se alguma notícia poderia impactar positivamente a empresa seria a revisão da venda da OGX Maranhão para o fundo Cambuhy. Como o negócio agora se dará através de um leilão, é possível que a empresa arrecade mais dinheiro do que antes. Existem incertezas também: se antes havia um negócio certo, agora é possível que não se encontre comprador algum.

Plano não foi bem visto por minoritários
Os minoritários da companhia voltaram a afirmar que devem recorrer caso o plano seja aprovado. O plano tem uma cláusula em que se determina que, caso haja a aprovação pela assembleia de credores e terminada a conversão da dívida em fatia acionária, os credores abrem mão da possibilidade de obrigar Eike Batista a injetar US$ 1 bilhão através da put - opção de venda - anunciada em outubro de 2012. O texto não isenta só Eike, mas antigos e atuais administradores da OGX e controladas.

O economista Aurélio Valporto, que lidera um grupo de minoritários, afirmou ao Financial Times que os acionistas minoritários estão sendo brutalmente diluídos e que Eike estaria efetivamente provendo dos recursos dos acionistas para não dispender US$ 1 bilhão na companhia. "Nenhum juiz honesto vai aceitar isso", afirmou.

A OGX e o empresário estão embasados por pareceres de três juristas renomados, segundo os quais a obrigação se tornou não executável entre a assinatura e a data prevista para a execução, em outubro do ano passado. O motivo é de que as condições para que a put fosse exercida não foram preservadas, uma vez que o plano de negócios foi alterado no período, blocos foram devolvidos e o acordo com a Petronas para a compra de Tubarão Martelo não foi para frente.