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Futuro presidente do BC diz que Dilma garantiu "autonomia total"

Maurício Savarese

Do UOL Notícias, em São Paulo

24/11/2010 16h58

Tombini prevê autonomia operacional total

Em sua primeira entrevista como indicado à presidência do Banco Central, o economista Alexandre Tombini disse nesta quarta-feira (24) que o órgão terá "automomia operacional total", concedida pela presidente eleita Dilma Rousseff. Ele afirmou também que "as regras do jogo já estão postas" e que sua indicação mostra valorização dos funcionários de carreira pública.

"Tive longas e boas conversas com a presidente eleita Dilma Rousseff. E ela me disse que nesse regime não há meia autonomia. É autonomia operacional total", disse Tombini, cuja indicação terá de ser referendada pelo Senado. Mais cedo, a equipe de transição confirmou as indicações dele, a continuidade de Guido Mantega como ministro da Fazenda e a indicação de Miriam Belchior como próxima ministra do Planejamento.

Tombini, Mantega e Belchior participaram de uma coletiva no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde trabalha a equipe de transição indicada por Dilma, junto a funcionários do governo apontados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente eleita não compareceu e enviou para o anúncio o deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), um de seus coordenadores.

Tombini, que se referiu apenas uma vez ao atual presidente do BC, Henrique Meirelles, disse que o órgão se manterá de olho na inflação nos próximos anos. "O Banco Central tem regime definido, usa seus instrumentos e políticas para assegurar que a inflação esteja na meta. Sempre olhando para as condições domésticas e internacionais", afirmou.
 
O futuro presidente do BC defendeu repetidamente o sistema de metas de inflação. "Eu entendo que o sistema de metas de inflação dentro do tripé de políticas macroeconômicas é um regime simplificado, de fácil entendimento para a sociedade", disse. De acordo com ele, a forma de conduzir essa política "tem ajudado o país a navegar com segurança".

"As regras do jogo estão definidas. [O regime de metas] tem sido fundamental nos últimos anos, tem sido testado. E vem funcionando como guia, permitindo que oriente as ações", afirmou.

Meirelles

A respeito do atual ocupante do cargo, Tombini, diretor de Normas do BC, afirmou: "Agradeço a confiança do presidente Henrique Meirelles. Convivemos ao longo dos últimos cinco anos. E quero fechar dizendo que o meu compromisso é fazer o uso hábil, adequado das nossas políticas para atingir os objetivos do governo, da meta de inflação e é isso que eu farei com autonomia operacional total".

Mantega diz que 2011 é ano de corte de gastos, mas sem afetar investimento

Questionado sobre se Meirelles terá algum outro cargo no governo, Cardozo afirmou apenas que qualquer anúncio será feito no devido momento. O presidente do BC perdeu força para seguir no cargo porque se mostrou como fiador da autonomia do órgão.

Mantega, que teve divergências com Meirelles nos bastidores do governo nos últimos anos, tampouco o citou. Preferiu concentrar seus comentários na necessidade de o país reduzir gastos com custeio em 2011 e de não criar novas despesas.

O ministro da Fazenda afirmou que 2011 é um ano para não se criarem novas despesas e indicou que o combate à inflação e o estímulo à expansão econômica só acontecerá se os gastos com custeio forem contidos. "Queremos crescimento que não aumente endividamento do Estado e crescimento que não gere inflação.  O desenvolvimento que vamos prosseguir será apoiado na solidez fiscal", disse.

"Vamos manter a produção de superavits primários que permitam reduzir o deficit nominal", afirmou Mantega, que teve seu nome defendido por Lula para continuar no governo federal. Ele também previu um esforço para redução da dívida pública de 41% para 30% do PIB até o fim do mandato de Dilma.

O ministro indicou ainda que "todos os ministérios deverão dar sua contribuição" para a redução de novos gastos no ano que vem. Ele também sinalizou que isso deverá ser feito também pelo Judiciário e pelo Legislativo, que discutem o aumento dos próprios salários neste momento.