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Juros de bônus disparam e Bolsa despenca na Itália mesmo com renúncia

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, prometeu renunciar após aprovar reformas - Dan Kitwood/Efe
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, prometeu renunciar após aprovar reformas Imagem: Dan Kitwood/Efe

09/11/2011 11h21Atualizada em 21/03/2014 19h26

Os custos de financiamento da Itália atingiram um ponto de ruptura nesta quarta-feira (9). Nem mesmo a promessa de renúncia do primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, parece ter conseguido gerar otimismo sobre a capacidade de o país cumprir as reformas econômicas anunciadas.

Os juros pagos nos bônus italianos de 10 anos dispararam para mais de 7%, nível considerado insustentável, e que obrigou a Irlanda e Portugal a pedirem o resgate econômico às autoridades europeias.

Esses países foram obrigados a buscar ajuda financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) quando seus custos de financiamento atingiram níveis similares.

Isso reflete o temor de que os investidores não recebam seu dinheiro de volta. Essa preocupação também apareceu no custo de proteger a dívida italiana contra moratória.

O prêmio de risco italiano, medido a partir do diferencial entre o bônus nacional para dez anos e o alemão de mesmo prazo, chegou nesta quarta às 8h28 (de Brasília) aos 546,2 pontos básicos, recorde histórico na Itália desde a criação do euro.

Por meio de um teste de estresse, o Banco da Itália garantiu na semana passada que tem condições de enfrentar uma dívida pública com juros de até 8% durante os próximos dois anos e com a economia estagnada.

Indefinição sobre Berlusconi derruba Bolsa italiana

Nos últimos dias, a possibilidade de Berlusconi renunciar havia dado confiança ao pregão milanês, que operou em alta e ao mesmo tempo aliviado pela pressão sobre o prêmio de risco.

Nesta quarta, no entanto, a desconfiança voltou a contaminar os indicadores financeiros, que não pararam de subir desde a abertura dos mercados às 9h (6h de Brasília).

A incerteza sobre o futuro da Itália, onde ainda não sabe se após a saída de Berlusconi do poder será convocada eleição geral antecipada ou se assume um governo interino, também afeta a Bolsa de Valores de Milão, que chegou a cair mais de 4%. Por volta das 12h25 (de Brasília), a Bolsa registrava queda de 3,35%.

Os 40 títulos que formam o pregão milanês registravam perdas. Muitos deles chegaram a ser suspensos pelo excesso de baixa --entre estes o segundo banco do país, Intesa Sanpaolo, e a montadora Fiat.

No meio do pregão, algumas das maiores baixas registradas atingiram a Lottomatica (loteria estatal) (-13%) e as empresas ligadas à família Berlusconi, a Mediaset (-9,65%) e a Mediolanum (-2,75%).

Banco central europeu intervém comprando bônus italianos

O Banco Central Europeu (BCE), única defesa eficaz da zona do euro contra os ataques do mercado, não perdeu tempo e interveio comprando bônus italianos, de acordo com operadores.

"O BCE está comprando quantias razoáveis", disse um investidor de fundo de hedge baseado em Londres. "Isso faz você imaginar quanto poder de fogo ele tem. É assustador. O mercado estava um pouco inocente quando Berlusconi saiu. Agora ele percebe que há uma montanha enorme para se escalar."

Itália tira Grécia do foco das atenções

A Itália tomou o lugar da Grécia como centro da crise de dívida da zona do euro e está quase precisando pedir um socorro que a Europa não poderá dar.

Depois de ter perdido sua maioria em uma votação parlamentar, Berlusconi confirmou que renunciará assim que implementar as reformas econômicas urgentes exigidas pela UE, dizendo que a Itália precisará realizar eleições posteriormente, nas quais ele não concorrerá.

O premiê se opôs a qualquer forma de governo provisório ou de união nacional, favorecidos por muitos nos mercados, e disse que as eleições não devem acontecer antes de fevereiro, deixando um vácuo político de três meses -- período em que os mercados podem promover um massacre.

(Com informações da Reuters e da Efe)