Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

'Estacionamento de marido' com TV e sinuca ajuda a esperar mulher nas compras

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

23/02/2012 06h00

Se fazer compras é um hábito que, para as mulheres, está relacionado ao prazer, para os homens pode, muitas vezes, ser sinônimo de estresse e irritação. Pensando neles, arquitetos têm investido em áreas que prometem tornar lojas e shopping centers muito mais agradáveis ao sexo masculino: os "estacionamentos de maridos".

Também chamados de "maridódromos", esses espaços vêm sendo criados para tornar a espera do homem pela mulher que faz compras o mais agradável possível. Para entretê-los, oferecem videogames, sinuca, TVs com futebol, colchonetes, jornais, revistas esportivas e café.

O Empório dos Calçados, um shopping que réune fabricantes e atacadistas de sapatos localizado na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, vai ganhar mais um andar em abril. Lá, além de uma área de venda de roupas femininas, será montado um "maridódromo", como chama o proprietário do empreendimento, Mário de Almeida.

"Os maridos poderão tomar café, jogar xadrez e dama, e assistir a canais com programação esportiva", diz Almeida. "As mulheres que vêm ao shopping passam pelo menos uma hora circulando pelas lojas, e percebemos que os homens ficavam irritados por terem de esperar."

'O homem passa a querer que a mulher volte naquela loja'

A maioria das unidades da rede de moda Luigi Bertolli também possui grandes lounges desenvolvidos para servir de áreas de espera de clientes, especialmente maridos e crianças. Em amplos sofás, posicionados ao lado dos provadores, os maridos podem ler revistas e jornais enquanto suas mulheres experimentam e decidem o que levar para casa.

"O tempo do homem é diferente do tempo das mulheres. Se ele vai às compras, costuma ir atrás de um produto específico, ao contrário da mulher. Às vezes, o homem pode ficar irritado só por entrar em uma loja grande", diz o designer e artista plástico José Marton, que nos últimos anos vem se especializando na chamada "arquitetura de varejo".

O escritório de Marton foi responsável pelo desenvolvimento da arquitetura interna das lojas Luigi Bertolli, entre outras. "Um espaço como esse pode mudar o hábito de compra de uma pessoa. Muitas vezes o que vemos é que o homem acaba ficando lá mesmo depois que a mulher sai da loja e vai olhar outras vitrines", afirma. "Ele cria uma intimidade com a loja e passa a querer que a mulher  volte lá."

Loja tem mesa de sinuca ao lado da área masculina

Gerente comercial da loja de roupas Realejo, em Ribeirão Preto (interior paulista), Fabiana Alexandrino percebeu que as mulheres sempre iam às compras acompanhadas dos homens. Passou a oferecer, assim, café, refrigerante e drinks para tornar a espera menos difícil. "Também temos uma mesa de sinuca e revistas que falam sobre carros e moda", diz.

Mesmo espaços que não foram especificamente pensados para os homens acabaram se tornando "estacionamentos de maridos" na prática. Dez das 15 lojas da rede de calçados Mundial possuem uma cafeteria própria.

"Em algumas lojas, a cafeteria fica justamente ao lado do setor masculino", diz a gerente-geral de cafeterias da rede, Patrícia Faria. Não por acaso, os televisores costumam estar sintonizados nos canais de esporte.

Na unidade da carioca Farm que fica no bairro de Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, as redes de deitar também costumam servir bem mais aos homens do que às mulheres.

A tendência não é só brasileira. No ano passado, a loja de móveis e decoração Ikea de Sidney, na Austrália, montou por uma semana um espaço chamado de "Manland" (terra dos homens), onde era possível comer petiscos, tomar refrigerante, ver TV e jogar videogame.