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É melhor turista usar dinheiro na Argentina do que cartões

Maria Martha Bruno

Do UOL, em Buenos Aires

21/08/2012 06h00

Em tempos em que o governo argentino tenta estimular mais a circulação de pesos na economia, restringindo progressivamente a compra de dólares para os cidadãos, utilizar a moeda local também parece ser a melhor opção para brasileiros que viajam ao país vizinho.

Calcule o IOF de suas compras no exterior com cartão de crédito

Muitos turistas que aproveitam as férias de inverno em Buenos Aires têm relatado problemas com o uso de cartões para compras. Ainda que muitos estabelecimentos da capital argentina aceitem os principais cartões, muitas vezes a impossibilidade de usar a função de débito e de retirar dinheiro de caixas eletrônicos têm deixado brasileiros na mão.

Um casal de Santo André (região metropolitana de São Paulo) teve dificuldades com nada menos do que três cartões, durante uma viagem de dez dias a Buenos Aires. A administradora hospitalar Priscilla Simone Alves, titular de uma conta no Santander, não conseguiu fazer compras com a função de débito do cartão nem retirar dinheiro nos caixas eletrônicos, embora, antes de viajar, tenha liberado seu uso no país vizinho.


O jeito foi recorrer ao cartão do marido. No entanto, o vendedor de aço Cristiano Gimenes, cliente do Itaú, também enfrentou problemas e por pouco não ficou sem dinheiro durante a viagem.

Como a mulher, ele não pôde usar o débito automático, e resolveu sacar dinheiro nos caixas. Conseguiu, mas, ainda que o limite do banco por dia fosse de 2.000 pesos, teve de fazer dois saques de mil, pagando uma taxa para cada operação.

Terceira opção: o cartão de débito pré-pago Visa Travel Money, retirado no Banco Rendimento e carregado antes da viagem. Problemas novamente. "Quando fui pagar o hotel, apareceu um aviso de saldo insuficiente. Fiquei desesperado. Então comecei a tentar pagar aos poucos, com 2.000 pesos por vez. Deu certo, mas acabei pagando uma taxa muito alta. Da próxima vez, venho com dinheiro na meia, mas não uso mais estes cartões”, afirmou o vendedor.

Atendimento em caixa eletrônico não funcionou

Assim como Cristiano, a professora aposentada Iracema Anna Carlizzi teve os mesmos problemas com o Itaú, ainda que tenha liberado o cartão no Rio de Janeiro, antes de viajar. Sem conseguir usar o débito automático, buscou uma agência do banco em um dos pontos mais turísticos de Buenos Aires, perto da Calle Florida, no Centro.

"Fui atendida por uma funcionária que me garantiu a liberação, mas, ao tentar usar novamente, não consegui. Resultado: tive de circular pelas ruas com um monte de dinheiro na carteira e me sentindo bastante insegura", relatou.

O incômodo também foi compartilhado pela administradora Magda Betoni, de Vitória (ES), que teve de desembolsar dinheiro para pagar o almoço em um restaurante no bairro da Boca, outra área bastante turística da cidade. O restaurante não aceita cartão.

Em outros dois momentos de sua viagem, ela teve de fazer o mesmo: “Não consegui passar em uma loja da Lacoste, pois o aparelho estava sem linha. E em um café em San Telmo (outro bairro turístico), a pessoa que operava o caixa não sabia usar a máquina do cartão muito bem. É estranho, porque no Brasil a gente não carrega tanto dinheiro na carteira.”

A cirurgiã-dentista Cláudia Regina Biscuola, que passou oito dias em Bariloche (estação de esqui na Argentina), em julho, diz que bares, lojas e restaurantes não estavam aceitando nem cartões de débito nem de crédito. "Uma loja aceitou, mas cobrou 10% a mais para porque usei cartão de crédito. Eles queriam dinheiro em espécie: dólar, real ou peso", afirma.

Segundo ela, os comerciantes alegavam que as máquinas de cartão "estavam quebradas". Ela também reclama que teve de pagar muitas taxas de saque, porque o limite por dia no seu cartão de débito pré-pago era mil pesos. "Mas só conseguia sacar 900 pesos."

Bancos dizem que canais de atendimento resolvem os problemas

O Santander informou que, em caso de qualquer imprevisto no uso de seus cartões no exterior, os clientes devem acessar os canais de atendimento do banco ou da marca do cartão (Visa ou Mastercard), a fim de resolver os problemas e descobrir as causas (que podem ser do sistema do próprio Santander ou não).

O Itaú também possui uma central de atendimento, cujo telefone está no verso do cartão, e afirma ainda que sua rede de agências na Argentina conta com atendentes preparados para auxiliar os brasileiros no país. A instituição disse também que monitora as recusas de operações no exterior por questões de segurança e para aprimorar seus serviços.

Para falar sobre os casos específicos, o Santander e o Rendimento queriam os dados cadastrais dos clientes, que não foram informados pela reportagem.

(Colaborou Armando Pereira Filho, em São Paulo)