Com rombo de mais de R$ 2 bi, Cruzeiro do Sul não recebe propostas de compra
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) não recebeu até sexta-feira (7) propostas de compra do banco Cruzeiro do Sul (CZRS4), segundo informações publicadas por jornais nesta segunda-feira.
A instituição está sob intervenção do Banco Central desde o início de junho, por descumprir regras do sistema financeiro. Na época da intervenção, o banco tinha patrimônio negativo de R$ 2,237 bilhões.
Segundo o jornal "O Estado de S.Paulo", o fundo que administra temporariamente o Cruzeiro do Sul prorrogou até terça-feira (11) o prazo para receber propostas de interessados.
O Fundo oferece a possibilidade de aquisição do controle do Cruzeiro do Sul a instituições financeiras que tenham patrimônio líquido de pelo menos R$ 2,5 bilhões, com garantias de aporte de capital em dinheiro.
Procurados, representantes do FGC e do Cruzeiro do Sul não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto.
A data limite para recebimento das propostas era sexta-feira passada, "mas nenhuma das seis instituições que analisaram os números (do banco) mostrou interesse", segundo o jornal. A publicação acrescentou que o prazo foi ampliado porque o FGC ainda negocia com duas instituições e "tem esperanças de atrair uma proposta firme de pelo menos uma delas".
O plano de recuperação do Cruzeiro do Sul envolve, além da oferta de comprador, reestruturação de seu endividamento.
No final de agosto, o FGC informou que o nível de adesão de credores do Cruzeiro do Sul às ofertas de compra de papéis do banco pelo fundo, com desconto, ficou abaixo do nível de 90% do valor dos créditos detidos. Apesar disso, o FGC informou na ocasião que tinha confiança em atingir o nível de 90% de aceitação até o prazo de 12 de setembro, quarta-feira.
Intervenção do BC
O Banco Central decretou Regime de Administração Especial Temporária (Raet) no Banco Cruzeiro do Sul por 180 dias após ter identificado descumprimento de regras do sistema financeiro.
A autoriade monetária também instituiu pelo mesmo prazo o Raet nas empresas do grupo Cruzeiro do Sul, que incluem Cruzeiro do Sul Corretora de Valores e Mercadorias, Cruzeiro do Sul DTVM, e Cruzeiro do Sul Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros, informou o BC em comunicado.
O QUE É O FGC?
- O Fundo Garantidor de Créditos, criado em 1995, tem como objetivo garantir os depósitos dos clientes em caso de quebra da instituição financeira.
- É administrado pelos próprios bancos.
- São garantidas aplicações de até R$ 70 mil.
- Entre os investimentos que são cobertos, estão as aplicações em conta poupança, no CDB e nas LCI (Letras de Crédito Imobiliário), além das letras hipotecárias e as letras de câmbio.
Segundo o BC, foi identificada "insubsistência em itens do ativo", mas a autoridade não informou detalhes.
Por meio do Raet, o BC substitui os dirigentes da instituição por um conselho de diretores ou por uma pessoa jurídica especializada para corrigir procedimentos operacionais ou eliminar deficiências que possam comprometer o funcionamento.
Como resultado da intervenção, o BC nomeou o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) como administrador especial temporário do Cruzeiro do Sul. Para os clientes, o banco funciona normalmente.
Histórico negativo
Não é de hoje que o banco Cruzeiro do Sul atravessa problemas. Com quase 20 anos nas mãos da família Indio da Costa, a instituição coleciona um histórico recente marcado por balanços reprovados por auditores, acusação de desvio de recursos e investigações por parte das autoridades.
A lista de tropeços do Cruzeiro do Sul começou a vir à tona em 2008, um ano depois de o banco estrear na bolsa de valores, vendendo cerca de R$ 645 milhões em ações. Desse valor, os Indio da Costa embolsaram R$ 150 milhões.
A instituição, que tinha R$ 2,6 bilhões em operações de crédito consignado, estreou valendo R$ 2,15 bilhões.
Em setembro de 2008, a massa falida do banco Santos acusou, em um processo judicial, o Cruzeiro do Sul de ter desviado R$ 206,2 milhões dos credores da instituição que pertenceu a Edemar Cid Ferreira. O caso ainda está correndo na Justiça.
Um ano depois, no fim de 2009, o banco anunciou a intenção de fazer uma nova oferta de ações, em uma operação que somaria R$ 400 milhões, entre novos recursos para o Cruzeiro do Sul e a venda de parte das ações dos Indio da Costa. Logo, porém, o processo foi abortado, em meio a uma sucessão de episódios negativos.
Em janeiro de 2010, o Banco Central começou a questionar as operações do Cruzeiro do Sul de venda de carteiras para fundos de direitos creditórios. Depois desse repasse, o próprio banco comprava as cotas do fundo, em operações que, para o Banco Central, poderiam ser irregulares.
No mês seguinte, foi a vez de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fazer marcação cerrada em cima do banco. A autoridade mandou o Cruzeiro do Sul republicar seus balanços de 2008 e 2009 sob o argumento de que a instituição não estava consolidando em seu balanço os fundos de direitos creditórios que detinha.
(Com informações da Reuters)
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