Para lembrar infância, diretora da Fogo de Chão nos EUA vai à Praia Grande (SP) todo ano
![Selma Oliveira é a diretora de operações da Fogo de Chão nos Estados Unidos - Leandro Moraes/UOL](https://ec.i.uol.com.br/economia/2012/10/15/selma-oliveira-coo-da-rede-fogo-de-chao-dos-eua-1350337244718_615x300.jpg)
No Brasil, a rede de churrascarias Fogo de Chão é conhecida pelo serviço premium e pelo ambiente tipicamente masculino. Garçons de botas, bombachas e lenço no pescoço servem fartos cortes de carne assados segundo a tradição gaúcha.
O sucesso da empresa nos Estados Unidos, porém, país onde está o maior número de unidades, deve-se a um toque feminino. Há seis anos, é uma mulher que comanda as operações no país: a brasileira Selma Oliveira, de 55 anos.
Paulistana do bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, Oliveira sempre quis trabalhar com o público e achou que o magistério era o melhor caminho. A transferência profissional do marido e um encontro num hotel do Texas, nos Estados Unidos, mudaram sua trajetória. Cultiva hábitos simples ainda, como visitar anualmente Praia Grande, balneário popular no litoral de São Paulo, para relembrar a infância.
A rede de churrascarias premium Fogo de Chão nasceu em 1979, em Porto Alegre (RS), pelas mãos de quatro sócios: os irmãos Jair e Arri Coser e Aleixo e Jorge Ongaratto. A expansão começou no fim da década de 80, com a abertura da primeira unidade em São Paulo. Hoje, a rede possui oito restaurantes no Brasil e 18 nos Estados Unidos.
Executiva começou dando aulas de inglês
A ligação de Selma Oliveira com a rede aconteceu por acaso. Depois de cursar magistério do Mackenzie, tradicional instituição de ensino da capital paulista, ela deu aulas de inglês. Casou-se e teve três filhas. Em 1985, mudou-se com a família para os Estados Unidos depois que o marido foi transferido pela empresa para a qual trabalhava. O destino foi Dallas, no Texas.
Em terras estrangeiras, teve outra filha e arrumou emprego de recepcionista no restaurante de uma unidade do Hotel Marriot. Lá, exerceu diversas funções. Em 1996, já era diretora da recepção.
Foi nessa época que o caminho dela se cruzou com o dos sócios da Fogo de Chão. Depois de anos investindo em unidades em outras cidades no Brasil, eles decidiram que era hora de expandir o negócio para o exterior.
Numa das viagens feitas para pesquisar as oportunidades naquele país, se hospedaram no Marriot de Dallas. Foram recebidos justamente por Selma Oliveira. A facilidade de comunicação (ela era a única que falava português no local) fez com que a identificação e a simpatia fossem imediatas.
"Eles disseram que tinham a intenção de abrir restaurantes nos Estados Unidos e me apaixonei pela ideia. Já tinha visto muitos negócios brasileiros irem e virem sem sucesso", lembra ela, que chegou a dar aulas de inglês para Jorge Ongaratto antes de ser convidada para ser a primeira gerente do primeiro restaurante da rede na cidade.
De gerente de restaurante a COO
A paulistana fez carreira na empresa. Cinco anos depois da contratação, tornou-se diretora operacional. Em 2006, foi promovida a COO (Chief Operating Officer), executiva de operações, sendo hoje braço direito do diretor-executivo Larry Jonhson.
"A maior surpresa da minha vida foi sair do Brasil e trabalhar com brasileiros, e gaúchos, nos Estados Unidos. Adoro o que faço", diz ela. Sob seu comando estão cinco diretores regionais que são responsáveis, cada um, por quatro ou cinco restaurantes.
Foi sob a gerência de Oliveira que a Fogo de Chão experimentou o período de maior expansão no exterior, especialmente depois da aquisição da empresa pelo fundo de investimentos GP, e, mais tarde, pelo Thomas H Lee Partners.
A rede, que abriu a oitava unidade no Brasil na semana passada, está prestes a inaugurar a 19ª nos Estados Unidos. "A maioria das pessoas que trabalham comigo em cargos de direção é mulher. Acredito que, para a empresa, a experiência de ter mulheres no comando foi interessante. Os gaúchos passaram a ter um jeito mais leve de trabalhar", afirma.
Viagem à Praia Grande uma vez por ano
A rotina da COO é intensa. De segunda a quarta, Oliveira costuma ficar no escritório, em Dallas. De quinta a sábado, viaja para acompanhar o funcionamento dos restaurantes espalhados pelo território americano.
"Faço questão de conhecer todos os meus gerentes e de acompanhar de perto o dia a dia da empresa, visitar os restaurantes, os banheiros, ter contato com os clientes", diz ela.
Ainda assim, sobra tempo para o lazer. Que, para ela, consiste basicamente em cuidar do jardim de casa e fazer artesanato. E cozinhar. “Meu maior prazer é fazer a refeição de domingo para minha família”, diz. Nessas ocasiões, nada de churrasco. "Mas faço sempre arroz, feijão e carne, uma refeição bem brasileira."
Até por causa dos planos ambiciosos da empresa para o exterior, Oliveira descarta, pelo menos por enquanto, a possibilidade de voltar a morar no Brasil. Além do marido e das quatro filhas, ela tem agora cinco netos, que tornam sua ligação com os Estados Unidos ainda mais forte.
Além das viagens a trabalho, porém, faz questão de voltar ao país pelo menos uma vez por ano para visitar familiares.
"Todo mundo tem saudade da infância, de rever o lugar em que cresceu. Até hoje, quando venho ao Brasil, vou à mesma praia", diz Selma. O destino é a Praia Grande, no litoral sul de São Paulo.
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