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Polícia Federal prende ex-presidente do banco Cruzeiro do Sul

Luis Octávio Indio da Costa, ex-dono do banco Cruzeiro do Sul, que deixou rombo de R$ 3 bi - Jefferson Dias/Valor
Luis Octávio Indio da Costa, ex-dono do banco Cruzeiro do Sul, que deixou rombo de R$ 3 bi Imagem: Jefferson Dias/Valor

Do UOL, em São Paulo

22/10/2012 21h33

O ex-presidente e um dos controladores do banco Cruzeiro do Sul, Luis Octávio Indio da Costa, foi preso por policiais federais na tarde desta segunda-feira (22), em São Paulo. Ele foi levado à sede da Polícia Federal.

O advogado do banqueiro, o criminalista Roberto Podval, disse que ainda não teve acesso à decisão do juiz que decretou a prisão, e por isso ainda não definiu a estratégia de defesa.

O Cruzeiro do Sul tem um rombo de mais de R$ 3 bilhões, que pode ser ainda maior, segundo especialistas.

O Banco Central decretou a liquidição na instituição financeira no último dia 14 de setembro, depois de ter passado três meses em Regime de Administração Especial Temporária (Raet).

No dia 17 de outubro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido de Índio da Costa para desbloquear bens pessoais dele que foram congelados pela decisão que liquidou o banco.

BC fechou o banco em setembro

O Banco Central (BC) anunciou, em 14 de setembro, a liquidação dos bancos Cruzeiro do Sul e Prosper.

Segundo o BC, do total de depósitos à vista e a prazo do Banco Cruzeiro do Sul e do Banco Prosper, cerca de 35% e de 60%, respectivamente, contam com garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O FGC é administrado pelos próprios bancos e cobre aplicações de até R$ 70 mil, em caso de quebra da instituição financeira.

Negociações com Santander falharam

As negociações com o Santander (SANB11) para a compra do Cruzeiro do Sul se estenderam até a madrugada do dia 14 de setembro, mas não avançaram diante da cobrança pelo banco espanhol de garantias que impediram um acordo para a venda da instituição.

O Cruzeiro do Sul está sob intervenção do Banco Central desde o início de junho e, no dia 13 de setembro, venceu o prazo para o Cruzeiro do Sul conseguir aprovação de credores para renegociação de dívidas e obtenção de um comprador.

O plano de recuperação do banco Cruzeiro do Sul, que tinha patrimônio negativo em R$ 2,237 bilhões até a intervenção ocorrida em 4 de junho, previa, além da reestruturação da dívida, a venda da instituição.

Histórico negativo

Não é de hoje que o banco Cruzeiro do Sul atravessa problemas. Com quase 20 anos nas mãos da família Indio da Costa, a instituição coleciona um histórico recente marcado por balanços reprovados por auditores, acusação de desvio de recursos e investigações por parte das autoridades.

A lista de tropeços do Cruzeiro do Sul começou a vir à tona em 2008, um ano depois de o banco estrear na bolsa de valores, vendendo cerca de R$ 645 milhões em ações. Desse valor, os Indio da Costa embolsaram R$ 150 milhões.

A instituição, que tinha R$ 2,6 bilhões em operações de crédito consignado, estreou valendo R$ 2,15 bilhões.

Em setembro de 2008, a massa falida do banco Santos acusou, em um processo judicial, o Cruzeiro do Sul de ter desviado R$ 206,2 milhões dos credores da instituição que pertenceu a Edemar Cid Ferreira. O caso ainda está correndo na Justiça.

Um ano depois, no fim de 2009, o banco anunciou a intenção de fazer uma nova oferta de ações, em uma operação que somaria R$ 400 milhões, entre novos recursos para o Cruzeiro do Sul e a venda de parte das ações dos Indio da Costa. Logo, porém, o processo foi abortado, em meio a uma sucessão de episódios negativos.

Em janeiro de 2010, o Banco Central começou a questionar as operações do Cruzeiro do Sul de venda de carteiras para fundos de direitos creditórios. Depois desse repasse, o próprio banco comprava as cotas do fundo, em operações que, para o Banco Central, poderiam ser irregulares.

No mês seguinte, foi a vez de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fazer marcação cerrada em cima do banco. A autoridade mandou o Cruzeiro do Sul republicar seus balanços de 2008 e 2009 sob o argumento de que a instituição não estava consolidando em seu balanço os fundos de direitos creditórios que detinha.

(Com informações de agências de notícias)