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Vendas em queda no Brasil geram desaceleração no setor automotivo argentino

Gustavo Molina

Do Clarín

09/02/2014 15h22

Em janeiro, as exportações argentinas, das quais 90% vêm para o Brasil, caíram 19% e a produção retrocedeu 18%, para o pior janeiro em quatro anos.

“Estamos preocupados”, disse ao Clarín Omar Dragún, secretário geral do Sindicato de Mecânicos e Afins (SMATA) de Córdoba, que tem sob seu guarda-chuva cerca de 13 mil filiados de empresas metalmecânicas, dentre as quais se destacam as automotivas Renault, Fiat e Volkswagen.

Na sexta-feira, por exemplo, os franceses da Renault, suspenderam 900 operários por falta de insumos nas áreas de soldadura, montagem e pintura; mas neste domingo (9), a fábrica do bairro Santa Isabel, na cidade de Córdoba, voltará a funcionar normalmente: “Há 900 companheiros suspensos e outros 650 estão recuperando veículos”, disse Dragún, ou seja, estão concluindo a montagem das partes que faltam. Por problemas em um navio que descarregou todo o material no Brasil faltaram peças como cintos de segurança, fechaduras de porta-malas e faróis dianteiros, o que freou a produção de automóveis. Além disso, o imposto para veículos de alto padrão provocou um impacto nos planos de produção e de negócios da Renault, e seus diretores estão estudando como enfrentar a crise.

Por enquanto, a Fiat continua com o programa que começou em agosto de 2013, que contempla a suspensão de 2 mil operários uma sexta-feira por mês. A empresa italiana admitiu extraoficialmente que a diminuição na produção se deve à queda das vendas no Brasil, principal cliente de sua filial argentina. Em ambos os casos, os trabalhadores recebem 75% de seus salários nos dias em que estão suspensos.

Em janeiro, as exportações argentinas, das quais 90% vão para o Brasil, caíram 19% e a produção retrocedeu 18%, para o pior janeiro em quatro anos.

Dragún afirmou: “A alta dos preços nos preocupa, não sabemos aonde isso vai parar. Nós temos um acordo com as empresas onde nossos salários estão atados a quatro ou cinco índices inflacionários e são atualizados a cada três meses”. Em Córdoba, um operário iniciante tem um salário na mão de 7.500 pesos.

O caso da Volkswagen, que em Córdoba fabrica caixas de câmbio, é diferente, pois “a produção está garantida durante o primeiro trimestre” e as variações do dólar fizeram com “que Córdoba seja altamente competitiva a nível internacional”. A situação da automotiva é diferente em sua planta de General Pacheco, onde estão trabalhando na qualidade das unidades. Lá funciona a maior automotiva argentina, com 4.900 operários.

Em Santa Fe, a SMATA se mostrou preocupada com a redução da produção da General Motors. O secretário adjunto dos mecânicos, Antonio Milici, disse que a empresa americana reduziu todas as horas extras devido à queda da demanda interna, mas também por causa da baixa nas compras do Brasil: “A empresa suspendeu todas as horas extras e o sindicato está em alerta esperando para ver o que vai acontecer em março e abril, que é quando a empresa funciona a 100%”, disse o sindicalista aos meios de comunicação de Santa Fé.

A produção da empresa baixou de 34 veículos por dia para 29 em janeiro e, em fevereiro, a empresa ficará fechada 15 dias por férias. O ritmo de março, que não seria inferior a 20 unidades, dependerá da demanda.

A diminuição também atinge as autopeças. A fábrica de pneus Fate, em San Fernando, há poucos dias suspendeu um terço de seus 2 mil operários por causa da queda da demanda do Brasil.

(Texto originalmente publicado no site do Clarín em português)