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Para SPC, dívidas batem recorde de alta em maio, mas SCPC diz que caíram

Do UOL, em São Paulo

09/06/2014 11h35Atualizada em 10/06/2014 12h36

Duas entidades diferentes divulgaram na manhã desta segunda-feira (9) dois dados opostos sobre dívidas em atraso (inadimplência). O SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) informa que o número de inadimpelntes apresentou aceleração recorde e cresceu 9,56% em maio, em relação ao mesmo mês do ano passado.

Na comparação mensal, o número também cresceu: 1,38% em maio em relação a abril, o que representa a maior alta da série histórica para os meses de maio.

Para outra entidade, a Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), houve queda de 1,4% em maio em relação ao mesmo mês de 2013.

Considerando a comparação mensal, a queda foi de 6,8% em maio em relação a abril, descontados os efeitos sazonais (específicos de cada mês).

Pesquisas são nacionais, mas não representativas, diz especialista

A discrepância nos resultados pode ocorrer porque os números se referem às lojas atendidas por cada uma das empresas. Seus números são válidos apenas para seus clientes.

Também há dados da Serasa, que podem ser diferentes dessas outras duas entidades. As lojas podem contratar os serviços de qualquer uma das três ou de nenhuma delas.

Nenhum dos institutos revela detalhes de sua metodologia de pesquisa, por considerar esse dado uma informação estratégica da empresa.

Rodolfo Olivo, professor de finanças empresariais da FIA (Fundação Instituto de Administração), faz uma ressalva em relação à abrangência das pesquisas.

"Embora as bases de dados das empresas sejam nacionais [uma vez que ambas abrangem os 27 Estados do país], elas não podem ser consideradas representativas, porque não sabemos se são aplicados critérios estatísticos amplos", afirma.

Dados diferentes explicam divergência, segundo empresas

Procuradas, as empresas de dados de crédito afirmaram que a divergência nos números pode ser derivada da diferença entre os dados levantados, já que as lojas podem contratar qualquer um dos serviços de proteção ao crédito disponíveis no país.

Embora nem o SPC nem a Boa Vista divulguem detalhes de suas metodologias, ambas afirmam estar presentes nos 27 Estados do país e consideram que seus estudos representam o mercado nacional.

"A base do SPC conta com mais de 2.000 pontos de vendas, que são CDLs (Câmaras de Dirigentes Lojistas), repassando os dados de todos os Estados do país; a diferença de capilaridade [alcance da pesquisa] pode ajudar a explicar a divergência dos números", afirmou a economista do SPC, Luiza Rodrigues.

O economista da Boa Vista Flávio Calife também disse que a base de dados da empresa abrange o país inteiro, incluindo bancos e outras instituições financeiras, comerciantes de varejo e concessionárias de serviços públicos, entre outros.

Bancos, internet, TV paga e telefone lideram

Os dados do SPC mostram que atrasos com contas bancárias e dívidas de internet, TV paga e telefone representam, sozinhos, 61%  do crescimento da  inadimplência no mês.

"O crescimento do número de dívidas em comunicação, que engloba contas de internet, TV a cabo e telefone, reflete provavelmente a popularização desses serviços, com consequente aumento do risco de crédito do cliente médio", explica a economista-chefe do SPC Brasil, Luiza Rodrigues.

Na avaliação do presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o avanço da inadimplência não se deve somente a fatores sazonais, e sim à atual situação econômica que o país vive.

"A inadimplência nos últimos meses tem sido influenciada principalmente  pela elevação da inflação, pelo crescimento moderado da massa salarial e pela desaceleração da atividade econômica como um todo", disse.

No sentido oposto, a avaliação da Boa Vista é que as dívidas atrasados se mantenham em nível baixo.

"Ao longo do ano, espera-se que alguns fatores condicionantes permaneçam inalterados. Dentre eles, destacam-se a seletividade dos concedentes de crédito, o desaquecimento no mercado de trabalho e o encarecimento do crédito (pelos juros maiores) etc. Com este cenário, a expectativa da Boa Vista SCPC é de que a tendência dos registros de consumidores inadimplência para 2014 permaneça abaixo do patamar de 3%", diz nota divulgada pela empresa.