Sequestro em Sydney gerou exposição positiva da Lindt, dizem especialistas

O sequestro de clientes e funcionários do Lindt Chocolate Cafe em Sydney, na Austrália, que terminou em três mortes, incluindo a do sequestrador, foi tratado com amplo destaque na imprensa mundial e nas redes sociais nesta segunda-feira (15).

Internautas do mundo todo postaram mensagens no Twitter comentando o episódio, em alguns casos até fazendo piadas.

Logo nas primeiras horas do sequestro, a própria Lindt usou o Facebook para se pronunciar sobre o assunto, agradecendo o apoio dos consumidores.

A exposição da empresa, mesmo que por causa de um evento tão dramático, pode ter efeitos positivos para a marca, dizem especialistas.

"Claro que nenhuma empresa quer passar por uma situação como essa, mas isso acaba trazendo a lembrança da marca entre os que a conhecem e despertando o interesse de quem não conhece, além de gerar um espírito de solidariedade com relação a ela", diz Daniela Khauaja, especialista em marketing e professora da ESPM.

Celso Figueiredo, professor de mídias sociais da Universidade Mackenzie, concorda.

"Existe uma expressão tradicional que diz que má publicidade não existe. É possível dizer que um caso como esse tem um impacto positivo porque faz a marca ser lembrada."

Para Figueiredo, isso acontece porque a empresa suíça, fundada em 1845, tem uma marca forte, cuja imagem positiva foi construída ao longo dos anos.

"As grandes empresas investem muito na construção e na sustentação de sua marca porque ela funciona como uma espécie de blindagem para quando algo negativo ocorre", afirma o professor.

Drama gera solidariedade

Os especialistas dizem que o efeito positivo também está relacionado ao fato de a Lindt, ao que parece, ter sido escolhida por acaso.

"É diferente, por exemplo, do que acontece quando fazem ataques terroristas em lanchonetes do McDonald's em alguns países", diz Daniela Khauaja. Nesses casos, afirma ela, a rede de fast food é escolhida como símbolo da política externa dos Estados Unidos.

Ainda assim, ela acredita que o ponto comercial onde ocorreu o sequestro tende a ficar marcado negativamente na cabeça dos consumidores locais.

Para Figueiredo, do Mackenzie, porém, o abandono da loja só aconteceria se o café pertencesse a uma marca desconhecida ou se esse tipo de evento se tornasse comum no local.

"Acredito que a força da Lindt tende a preservar o negócio. Ninguém vai deixar de comer chocolate da marca Lindt, e mesmo a loja não deverá ser evitada."