Santander deve pagar R$ 450 mil a analista demitida por polêmica na eleição
A Justiça do Trabalho em São Paulo condenou o banco Santander a pagar R$ 450 mil de indenização por danos morais a Sinara Polycarpo Figueiredo, ex-superintendente de investimentos.
Por meio de nota, o Santander disse que “o caso está sub judice" e que já apresentou recurso contra a decisão.
Sinara foi demitida depois que o banco enviou um relatório aos clientes de alta renda, no período das eleições, dizendo que se a presidente Dilma Rousseff (PT) fosse reeleita, poderia piorar a economia do Brasil. A profissional era responsável pela área que enviou esse comunicado.
O caso foi divulgado inicialmente pelo colunista do UOL Fernando Rodrigues, em 25 de julho. No mesmo dia, o banco publicou um pedido de desculpas em sua página na internet e disse que o texto "feriu diretriz interna".
A polêmica foi ganhando peso. Em 28 de julho, Dilma chamou a carta do Santander de "lamentável" e "inadmissível"; o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que quem escreveu o texto "não entende porra nenhuma de Brasil" e sugeriu: "Pode mandar embora e dar o bônus dela pra mim, que eu sei como é que eu falo".
No dia seguinte, o presidente do banco informou que a funcionária tinha sido demitida. "Enviamos uma carta à presidente. A pessoa tinha que ser demitida porque fez coisa errada", disse Emilio Botín.
Discriminação política X oportunismo
Na ação judicial, a ex-funcionária disse que não foi ela que escreveu o texto, mas sim uma das analistas do setor que chefiava. Ela afirmou que sua dispensa foi por "nítido ato de discriminação política" e "causou-lhe grandes tormentas", porque o banco "expôs seu nome de forma indevida e, com isso, deteriorou sua imagem pessoal e profissional".
Em sua defesa, o banco acusou a ex-funcionária de "oportunismo" e afirmou que a demissão não foi por motivo político, mas jurídico, segundo a sentença.
Segundo a decisão da Justiça do Trabalho, apesar de Sinara ter sido demitida sem justa causa, o banco expôs de forma indevida e abusiva a imagem da funcionária.
Na ação, a Juíza Lúcia Toledo Rodrigues diz que a ex-funcionária "apenas relatou circunstâncias fáticas da conjuntura econômica do país", cumprindo seu dever, que "era informar os clientes a respeito das minúcias que influenciam o mercado financeiro e afetam diretamente o resultado dos seus investimentos".
Além disso, afirma que o banco foi "submisso às forças políticas ao demitir" a empregada.
Decisão cita Lula
Na ação, é citada a fala do ex-presidente Lula.
"Isso demonstra que antes mesmo de comunicar a autora da demissão e formalizar o respectivo ato o Banco já buscou reparar o 'deslize' com o partido político, pedindo desculpas e anunciando as demissões, assim como arbitrária e grosseiramente solicitado pelo sr. Luis Inácio Lula da Silva", afirma na sentença.
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