Agência Moody's tira selo de bom pagador da Odebrecht e da Embraer
Do UOL, em São Paulo
25/02/2016 16h41
A agência de classificação de risco Moody's anunciou nesta quinta-feira (25) que rebaixou a nota da empreiteira Odebrecht e da fabricante de aeronaves Embraer. Com o corte, as duas empresas perdem o grau de investimento, espécie de selo de bom pagador. Agora, elas têm grau especulativo.
No dia anterior, a Moody's havia rebaixado a nota de crédito do Brasil. Das três grandes agências, a Moody's era a única que ainda mantinha o país com o grau de investimento.
A nota da Odebrecht foi cortada de "Baa3" para "Ba2". A da Embraer passou de "Baa3" para "Ba1". A perspectiva para as duas notas é negativa, o que significa que a agência pode realizar novos cortes em breve.
A Moody's afirmou que o rebaixamento das empresas reflete o corte da nota do Brasil, devido às incertezas nos panoramas político e econômico.
A agência disse que o país enfrenta uma elevada taxa de juros, inflação alta --que fechou 2015 em mais de 10%-- e desvalorização do real, o que afeta o desempenho das empresas.
Lava Jato
No caso da Odebrecht, também contribuiu para o corte o fato de a construtora, uma das principais do país, estar envolvida no escândalo de corrupção na Petrobras, investigado na operação Lava Jato.
O presidente afastado da companhia, Marcelo Odebrecht, foi preso em junho do ano passado.
Nota da Petrobras
Ontem, a agência rebaixou mais uma vez também a nota de crédito da Petrobras, de "Ba3" para "B3". O último corte havia acontecido em dezembro.
A empresa, que já não tinha grau de investimento, agora está no nível mais baixo do grau especulativo. A perspectiva da nota da empresa é negativa, o que significa que pode cair ainda mais.
(Com agências)
Agências falharam na crise de 2008/2009
A classificação das agências de risco é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de calote de países, empresas e negócios.
Porém, as agências foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009. Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.