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BC deixa juros em 14,25% pela quarta vez seguida, em decisão dividida

Do UOL, em São Paulo

20/01/2016 20h25Atualizada em 03/02/2016 12h25

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Foi a primeira reunião do ano, e a quarta seguida em que a taxa foi mantida no mesmo nível.

O BC estava em um dilema entre subir os juros para tentar segurar a inflação ou mantê-los, para não atrapalhar ainda mais a recuperação da economia brasileira.

A decisão desta quarta-feira (20) não foi unânime: quatro integrantes do grupo (incluindo o presidente do banco, Alexandre Tombini) votaram pela manutenção; dois sugeriram subir 0,5 ponto.

A Selic influencia todos os juros do país, mas é só uma referência: as taxas cobradas dos consumidores são muito mais altas. Economistas dizem que poupança está ruim como investimento, e o melhor é a renda fixa. 

Veja as taxas de juros definidas nas últimas reuniões do BC:
  • jan/16: 14,25%
  • nov/15: 14,25%
  • out/15: 14,25%
  • set/15: 14,25%
  • jul/15: 14,25%
  • jun/15: 13,75%
  • abr/15: 13,25%
  • mar/15: 12,75%
  • jan/15: 12,25%

Polêmica e reviravolta

Em nota divulgada após a reunião, o BC disse que levou em conta "o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos", além da "elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas".

A decisão de hoje contraria sinais dados pelo próprio banco nos últimos meses de que aumentaria a Selic em 0,5% para tentar controlar a inflação. Ontem, porém, houve uma reviravolta nas expectativas, após Tombini ter divulgado um comunicado.

Na nota, Tombini disse que "todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas". O texto foi publicado pouco depois de o FMI (Fundo Monetário Internacional) ter piorado as projeções para a economia brasileira. 

Para parte dos analistas, foi um sinal de que a alta dos juros seria adiada. Para alguns, desconfiados da autonomia do BC, o órgão poderia usar o relatório do FMI como "desculpa" para manter os juros, sob pressão do governo.

"A credibilidade do BC fica arranhada porque o mercado acredita que há interferência política", diz Francisco Prisco, vice-presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo).

Como sua vida é afetada?

  • Empréstimos e financiamentos ficam caros (prestação de uma geladeira ou um carro)
  • Sobe o desemprego porque as empresas investem menos
  • As pessoas cortam gastos. Isso ajudaria a reduzir a inflação
  • A economia enfraquece (o PIB, Produto Interno Bruto, cai)
  • A poupança rende com seu potencial máximo. Quando a Selic está igual ou inferior a 8,5% ao ano, rende menos. Como está acima, vai dar 6,17% ao ano mais a TR
  • Os juros altos aumentam o rendimento com investimentos em certos títulos públicos, como o Tesouro Selic

O que é a taxa Selic?

  • É a taxa básica da economia, serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela
  • Não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos
  • Por exemplo, segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cartão de crédito em novembro chegou a 415,3% ao ano

(Com Reuters)

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