Fim da escala 6x1 'vai contra tudo o que a gente produziu', diz Campos Neto

O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, voltou a criticar nesta segunda-feira (18), durante apresentação em evento promovido pela Consulting House, o fim da escala 6x1. Segundo ele, o projeto apresentado na Câmara dos Deputados vai contra as reformas determinantes para a recente redução da taxa de desemprego.

O que aconteceu

Campos Neto vê evolução do desemprego no Brasil como surpreendente. Ao apresentar as projeções, o presidente do Banco Central avalia que a menor taxa de desocupação da história não era aguardada pelos analistas do mercado financeiro. 'A gente errou consecutivamente as expectativas e o desemprego continua surpreendendo', diz Campos Neto.

Presidente do BC atribui menor desemprego da história às reformas trabalhistas. Segundo o presidente do BC, a baixa desocupação apurada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é resultado das mudanças sancionadas em 2017. "Eu acho que grande parte da surpresa do desemprego se deve às reformas trabalhistas que a gente fez", revela.

Para Campos Neto, mudanças da escala de trabalho serão retrocessos. O comandante da autoridade monetária diz ver com "muita preocupação" a proposta apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) contra a jornada de trabalho 6x1. "Eu acho que vai contra o que a gente produziu, que foi muito bom para o emprego no Brasil e tem evidências disso", avalia Campos Neto.

Não vai ser colocando mais deveres para os empregadores que você vai conseguir mais direitos para os trabalhadores. Essa é uma realidade que não existe.
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

PEC já tem número de assinaturas suficiente para ser apresentada. A Proposta de Emenda à Constituição conseguiu o apoio de ao menos 194 deputados, número acima dos 171 nomes necessários para o projeto ser protocolado na Câmara. Após ser apresentado, o texto é encaminhado para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e, se aprovado, segue para análise do plenário.

Texto prevê redução de 44h para 36h o limite de trabalho por semana. Para Erika Hilton, a mudança proposta abre caminho para o trabalhador "estudar, de se aperfeiçoar, de se qualificar profissionalmente para mudar de carreira". "A definição de valor salarial visa proteger o trabalhador de qualquer tentativa de redução indireta de remuneração", destaca a PEC.

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