Galípolo defende revisão de subsídios para combater a inflação

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse ser necessário uma revisão de incentivos econômicos que favorecem os mais ricos para controlar a inflação com juros mais baixos. Ele considera essa mudança um desafio geracional, essencial para tornar a política econômica mais eficiente no país.

A declaração foi dada durante evento de comemoração aos 60 anos do Banco Central, que contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, do presidente do Congresso, Hugo Mota, e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

O que aconteceu

Subsídios cruzados e regressivos reduzem a eficácia da política monetária no Brasil. O presidente do Banco Central, afirmou que essas distorções econômicas impedem que os juros tenham o efeito esperado no controle da inflação. Os subsídios cruzados acontecem quando um grupo paga mais caro por um serviço para que outro pague menos, enquanto os regressivos favorecem, proporcionalmente, os mais ricos.

O peso da política monetária recai sobre quem tem menos condições de pagar. Para Galípolo, essa distorção faz com que os juros altos afetem desproporcionalmente a população de menor renda, ampliando desigualdades. Ele destacou que o governo, por meio dos ministros Haddad e Tebet, já conduz um processo de revisão dessas políticas.

Mesmo com juros altos, a economia brasileira mantém inflação elevada. O presidente do BC ainda disse que essa "estranheza" pode estar relacionada à existência desses subsídios cruzados e regressivos. Segundo ele, a política monetária não tem funcionado de forma tão eficaz no Brasil como em outros países, pois seus canais de transmissão estão obstruídos.

Rever subsídios poderia permitir o controle da inflação com juros menores. Galípolo defendeu que, ao corrigir essas distorções, seria possível alcançar o mesmo efeito no controle da inflação sem a necessidade de taxas de juros tão elevadas.

O que mais foi dito

BC deve equilibrar juros e necessidades da população, diz Tebet. A ministra Simone Tebet, afirmou que a política monetária precisa ser conduzida com equilíbrio, garantindo o controle da inflação sem desconsiderar os impactos sobre a sociedade.

Perspectiva é de queda da inflação e possível redução dos juros no segundo semestre. Tebet declarou estar tranquila quanto ao rumo da economia brasileira e ressaltou que os números indicam que o país está seguindo na direção certa. Caso a tendência continue, a ministra acredita que os preços, especialmente dos alimentos, podem cair nos próximos 60 dias.

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Banco Central pode considerar corte na taxa de juros. Se a queda da inflação se confirmar, Tebet avalia que a autoridade monetária poderá reduzir os juros no segundo semestre, o que, segundo ela, beneficiaria a economia.

Haddad reafirmou compromisso com a autonomia do Banco Central. O ministro e presidente do Conselho Monetário Nacional, Fernando Haddad, assegurou que o governo respeitará a independência da instituição, mas pretende contribuir com informações e sugestões para aprimorar a condução da política econômica.

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