O que são ações preferencial e ordinária? Qual a diferença? Como escolher?
Algumas empresas que são listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira, oferecem dois tipos de ações: as preferenciais (cuja sigla é PN) e as ordinárias (cuja sigla é ON). A Petrobras, por exemplo, tem ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN). A Vale tem apenas ações ordinárias.
Quais as diferenças entre ações preferenciais e ordinárias?
As diferenças entre elas, além do valor de cada papel, envolvem:
- direito a voto em assembleias de acionistas
- liquidez (facilidade de comprar e vender o papel no mercado)
- e pagamentos de dividendos (o lucro pago aos acionistas)
Ação ordinária dá direito a voto
A principal diferença entre as ações é o direito a voto, ou seja, ter uma participação maior nos rumos da companhia.
Os "ordinaristas" (quem têm ações ON) podem participar das assembleias periódicas da empresa e votar. Por exemplo, para aprovar ou rejeitar a construção de uma nova fábrica. Porém, em geral, acionistas individuais e pequenos não costumam ter influência nas decisões, mesmo sendo detentores de ações ordinárias.
Quem tem ação PN só pode votar em situações específicas. Se a empresa registrar prejuízos frequentes e deixar de distribuir dividendos por três anos seguidos, a legislação prevê que os "preferencialistas" (acionistas que têm ações PN) passam a ter direito a voto nas assembleias.
Ação preferencial pode receber dividendo maior
As ações preferenciais, como o nome sugere, têm prioridade na distribuição dos lucros da empresa, os chamados dividendos.
Geralmente, recebem dividendo 10% superior ao das ações ON. Se uma empresa distribuir R$ 1 em lucros por ação ON, por exemplo, a ação PN necessariamente receberá R$ 1,10.
É por isso que o preço da ação PN de uma empresa costuma ser mais alto que o da ação ON. Mas essa relação de preços não é uma regra e pode ser afetada por outros fatores.
Ação preferencial costuma ter mais liquidez
Normalmente, a ação preferencial tem mais liquidez, ou seja, é mais fácil de ser comprada e vendida, mas isso não é uma regra. No caso da Petrobras, tanto o papel ON como o PN são facilmente negociados na Bolsa.
O risco de comprar uma ação pouco líquida é não conseguir vendê-la depois ou ter que vendê-la a um preço muito abaixo do desejado.
Devo escolher ação ordinária ou preferencial?
"Se a empresa na qual você quer investir tiver ações ON e PN, a primeira coisa que você deve olhar é qual delas apresenta maior liquidez [é mais fácil de negociar]", disse Felipe Silveira, analista da corretora Coinvalores.
Se as duas tiverem liquidez, Silveira recomenda comparar o preço e o dividendo. Se a ação PN paga dividendo 10% maior, então seu preço também deve ser 10% superior ao valor da ON. Se a diferença entre os preços das duas ações for menor que 10%, compre a PN. Se for maior que 10%, prefira a ON.
Por que algumas companhias só têm ações ordinárias?
A maioria das empresas que entraram na Bolsa nos últimos anos tem apenas ações ordinárias.
A escolha é consequência do aumento das exigências por grandes investidores de que as empresas deem mais poder de decisão aos acionistas. Lançando apenas ações ON, elas garantem que todos os acionistas tenham direito a voto e participem ativamente das decisões.
As companhias que escolhem integrar o segmento diferenciado Novo Mercado, como a Vale, necessariamente têm apenas ações ON.
Ação ordinária tem vantagem se empresa mudar de dono
Uma situação que pode fazer o preço da ação ON superar o da PN é a expectativa de que a empresa seja vendida para outra companhia ou para um grande investidor.
O novo dono não precisa comprar a empresa inteira, mas apenas o chamado bloco de controle, um conjunto de ações ON que dá a maioria dos votos nas assembleias (50% mais uma ação).
Na prática, as ações do bloco de controle são mais valiosas do que as demais ações ON. Por isso, elas normalmente são negociadas juntas, garantindo ao seu dono o poder de comandar a empresa.
A lei determina que, caso a empresa venda o controle, os acionistas minoritários que possuem ações ON têm direito a receber 80% do valor pago pelas ações do bloco de controle.
Suponha que uma empresa é vendida por um valor equivalente a R$ 100 por ação ON. Por causa da lei, o novo dono será obrigado a oferecer aos acionistas minoritários R$ 80 por ação ON, mesmo que na Bolsa esse papel esteja valendo menos —por exemplo, R$ 60.
O acionista pode aceitar a oferta ou permanecer com as suas ações, se acreditar que elas continuarão subindo sob o novo comando. Esse direito do pequeno acionista é conhecido no mercado financeiro como "tag along".
Algumas empresas garantem direito também à ação preferencial
O "tag along" pode valer também para as ações PN em algumas empresas, caso esse direito esteja previsto no estatuto ou a companhia esteja no Nível 2 da B3, um dos segmentos diferenciados.
Quando uma empresa começa a vender ações na B3, ela pode ficar no segmento básico ou escolher um dos segmentos diferenciados (Nível 1, Nível 2, Novo Mercado e Bovespa Mais), que têm regras mais rígidas e normas próprias.
Dependendo da companhia, tanto os acionistas que possuem ações ON como os donos de papéis PN podem receber até 100% do valor pago pelos papéis que integram o bloco de controle, caso a empresa seja vendida.
No exemplo da empresa vendida por R$ 100 por ação ON, donos de ações ON e PN poderiam receber R$ 100 por ação.
(Com reportagem de Vinícius Pereira, colaboração para o UOL, e Téo Takar, do UOL, em São Paulo)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.