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Está procurando emprego? Dicas para fazer um bom currículo e evitar erros

Do UOL, em São Paulo

11/12/2019 15h10

Um currículo bem feito pode ser a porta de entrada para um novo emprego, especialmente em um mercado de trabalho cada vez mais concorrido. A principal função do currículo é deixar o recrutador com uma boa impressão, a ponto de convidar o candidato para uma entrevista.

O que você deve incluir no currículo? O que é melhor deixar de fora? Quais os principais erros a serem evitados? Veja abaixo algumas dicas.

Cinco regras de ouro para o currículo:

  1. Deixe claro qual é seu objetivo profissional. Para qual função você está qualificado e desejando trabalhar?
  2. Seja coerente e tenha certeza de que tem experiência e formação necessárias para exercer tal função
  3. Deixe claras as habilidades que você tem e não as que você gostaria de ter; jamais minta
  4. Cite os resultados positivos que você trouxe para as empresas em que trabalhou. Por que seria um diferencial contratá-lo?
  5. Revise o currículo várias vezes para eliminar erros de português

Que tamanho deve ter o currículo?

O currículo ideal varia de uma a três páginas, dependendo da experiência do profissional. Um executivo com 20 anos de trajetória, por exemplo, pode colocar as informações em três páginas, mas para um recém-formado bastaria uma página, segundo Tais Targa, psicóloga, mestre em educação e coach de empregabilidade.

Um consultor leva poucos minutos (ou até segundos) para analisar um currículo. Então, não adianta entregar calhamaços. "Além de um documento bem escrito, é preciso garantir a apresentação com informações concisas e fáceis de serem analisadas", afirmou a coordenadora de recrutamento e seleção Marina Tchalian.

O que deve constar no currículo?

Antes de tudo, é preciso incluir nome, telefone com WhatsApp, endereço residencial e email ou outras formas de o empregador entrar em contato com você.

É preciso informar a área de atuação ou a função que quer exercer. Essas informações devem estar claras e logo no início do documento. Uma sugestão é incluir até três áreas em que deseja atuar (por exemplo: comercial, marketing e novos negócios).

Os recrutadores analisam, principalmente, dois pontos: experiência profissional e formação educacional, nessa ordem.

Experiência profissional:

  • O recrutador presta muita atenção nos lugares em que o candidato trabalhou e no tempo que passou em cada empresa
  • Quatro informações sobre sua experiência são cruciais: nome e breve descrição da empresa, tempo que trabalhou, atividades que desempenhava e resultados obtidos (ou projetos importantes dos quais participou)
  • Para profissionais mais experientes, não é necessário listar todas as empresas por onde passou. Pode optar pelas últimas ou as que tenham mais relação com aquela vaga

Formação educacional:

  • Graduação, pós e MBAs não podem faltar
  • Outros cursos relevantes são interessantes, desde que sejam ligados à área da vaga pretendida
  • No campo de idiomas, use o formato clássico para descrever seu conhecimento: básico, intermediário, avançado e fluente. Não minta

O que não deve constar no currículo?

Não é necessário colocar foto, número de documentos (como RG, CPF e CNH) ou referências profissionais.

Devo colocar foto no currículo? Como escolher?

A recomendação é colocar foto no currículo só quando for solicitado. "Se precisar usar uma foto, que ela transmita uma imagem profissional. Não use foto na balada, na manifestação ou na praia. Elas podem ser bonitas, mas não estão relacionadas ao ambiente profissional", disse Miriam Rodrigues, professora e especialista em gestão de pessoas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Qual o design ideal do currículo?

Em empresas que trabalham com a criatividade, como agências de publicidade, enviar um currículo com desenho diferente pode ser um chamariz. Mas o melhor é não inventar: dispense cores e desenhos e opte pelo básico.

O documento deve ter um design simples, usando um tipo de letra que seja de fácil leitura. Utilize apenas duas cores e efeitos como negrito, letras maiúsculas, subtítulo, título e sublinhado. Um currículo muito poluído pode ser descartado pela dificuldade de achar as informações.

É importante ser conciso, organizar em tópicos e utilizar palavras-chave que tenham ligação com a função.

Como deve ser o texto do currículo?

O conteúdo tem de ser curto, objetivo, claro, bem organizado, fácil de ler e não pode, jamais, expor o candidato ao ridículo. É ideal seguir um padrão de escrita, tanto em relação ao estilo quanto ao tempo verbal utilizado no texto —por exemplo, usar todos os verbos no passado. É recomendado evitar adjetivos exagerados, expressões óbvias e falta de cuidado na descrição de experiências.

Erros de português não devem estar no seu currículo se você quiser ser um profissional requisitado. Além da correção, é preciso pensar na clareza das palavras para descrever suas experiências, competências e habilidades.

É melhor enviar o currículo por email ou levar até a empresa?

É preferível enviar o currículo por email, se a empresa for de médio ou grande porte.

Se o objetivo for trabalhar em loja, no entanto, não há problema em levar o documento pessoalmente. No caso de cidades pequenas, também é possível deixar na portaria ou na recepção das empresas.

O currículo deve ter pretensão salarial?

A pretensão salarial não deve ser colocada no currículo, a não ser que seja solicitada pela empresa. Se esse for o caso, é recomendado tomar como base o último salário ou colocar entre parênteses "negociável". Às vezes, infelizmente, o candidato coloca um salário muito acima ou muito abaixo do disponível e isso pode fazer com que ele não chegue à próxima etapa.

Como deve ser o currículo para o primeiro emprego?

Ao falar de seus objetivos, escreva um parágrafo curto e direto, mostrando áreas em que deseja atuar e seu objetivo profissional. O cuidado nessa parte é não ser muito específico, perdendo possíveis oportunidades, nem muito amplo ou variado, mostrando falta de foco na carreira.

Ao falar de formação, vale colocar tudo, como cursos de idiomas e informática, profissionalizantes e especializações. É possível também descrever habilidades que aprendeu. Pode mencionar notas e premiações na escola ou faculdade e até a posição no vestibular, desde que seja um lugar de destaque.

Se teve algum tipo de experiência profissional válida também pode incluí-la. Por exemplo, experiências informais, como bicos, ajuda em empresas de parentes, experiência em empresa júnior da faculdade, trabalhos voluntários que praticou (ou buscar trabalhos voluntários, caso não tenha feito, como forma de ganhar experiência) e atividades de liderança desenvolvidas em comunidades religiosas, grupos de escoteiros e clubes.

Para quem teve oportunidade de fazer um intercâmbio ou morou fora do país, é importante descrever o que fez e viveu, citando habilidades que desenvolveu ou experiências que teve e possam ser relevantes profissionalmente.

Como deve ser o currículo de uma pessoa mais velha?

O currículo de uma pessoa mais velha não deve conter todas as experiências, ou corre o risco de ficar muito extenso. O recomendado é inserir parágrafos únicos que reúnam diversas experiências. Exemplo: "No período de 1983 a 1997, atuei como gerente nas empresas X, Y e Z".

Como explicar se ficou pouco (ou muito) tempo numa empresa?

A forma mais segura de abordar os períodos curtos em uma empresa é ser completamente honesto, inclusive se foi demitido. Uma sugestão é não se prender no tempo que ficou, mas tentar mostrar o que conseguiu fazer ou conquistar no curto período. Busque também deixar claro que está realmente interessado em trabalhar na nova empresa.

Para quem ficou mais tempo em uma mesma empresa, o ideal é mostrar se foi promovido ou, pelo menos, ganhou mais responsabilidades ao longo do tempo. Também é importante explicar por que quer mudar de emprego agora. Descreva por que a vaga a que está se candidatando o motiva a largar a familiaridade e o conforto do trabalho atual.

Quais os principais erros a evitar no currículo?

Evite principalmente erros de português. A dica é fazer o currículo com calma e atenção e, se possível, pedir para alguém próximo fazer uma revisão.

Ao informar seu email para contato, evite colocar diminutivos, apelidos e nomes de times de futebol, aconselha a professora e especialista Miriam Rodrigues. "É preciso que seja um email apropriado. Não coloque gatinha, fofinha ou Timão, por exemplo. Eles podem ser usados no pessoal, com os amigos. Se for um email para usar no currículo, prefira o nome ou abreviaturas."

Não minta, nem mesmo sobre a fluência em um idioma ou a escolaridade, porque isso pode ser facilmente checado pela empresa durante uma entrevista ou junto à instituição de ensino. Além disso, quem faz isso corre o risco de ser demitido por justa causa futuramente, conforme decisões recentes da Justiça trabalhista no interior de São Paulo.

O que não está no currículo, mas pode o atrapalhar?

Os especialistas em carreira são unânimes em afirmar que as redes sociais são cada vez mais utilizadas para selecionar o candidato certo para uma vaga de emprego. O que você faz online importa e, muitas vezes, é decisivo na hora da contratação.

O que pega bem:

  • mostrar que cultiva bons laços afetivos com a família e os amigos
  • demonstrar que mantém o respeito com grupos de diferentes opiniões
  • publicar nas redes sociais eventos ligados a sua profissão
  • ter sinceridade e autoridade na hora de expor suas ideias

O que pega mal:

  • publicar textos ou imagens em que concorde (ainda que levemente) com assédio ou discriminação
  • compartilhar opiniões extremistas, desrespeito e ofensas
  • espalhar fake news pelas redes sociais

Só enviar currículo pode ser pouco. O que mais fazer?

Em geral, não adianta só mandar currículo e ficar torcendo para ser selecionado. Tente aumentar as chances de ser escolhido.

Por exemplo, veja o que as vagas estão pedindo e compare com o que você tem a oferecer: você está preparado ou se precisa mudar ou melhorar em algum aspecto?

Pratique o networking diariamente. Os especialistas dizem que procurar pessoas, colegas ou ex-chefes é uma prática para a vida toda, independentemente de estar empregado ou não. Entrar nos grupos de discussão e pedir dicas, trocar informações, ficar por dentro do que está acontecendo no seu segmento profissional faz parte.

Além disso, nas suas andanças pelas redes sociais e entre as pessoas que conhece, fale abertamente que está em busca de oportunidades, que quer se recolocar.

Foi chamado para uma entrevista; como se preparar?

Antes da entrevista, pesquise e descubra o maior número de informações sobre o seu provável empregador. O site da empresa deve ser seu ponto de partida, além de conversar com pessoas que tenham trabalhado lá. Familiarize-se também com seu currículo e esteja preparado para responder a perguntas sobre ele.

Pense também em perguntas que você pode fazer ao entrevistador, na hora certa —por exemplo, quais as responsabilidades do cargo, como é feita a avaliação e quais os planos de crescimento. Ajudam a esclarecer sobre a oportunidade e mostram interesse.

Durante a entrevista, use boa linguagem corporal. Cumprimente seu entrevistador em pé, com um firme e forte aperto de mão e um sorriso. Sente-se ereto, com os dois pés no chão. Fale de maneira clara e confiante. Procure manter um nível confortável de contato visual durante a entrevista.

Ouça o que está sendo perguntado. Pense sobre suas respostas para as perguntas mais difíceis e não dê detalhes irrelevantes. Dê exemplos positivos de sua experiência até o momento, mas seja conciso. Contudo, evite dar respostas muito curtas, com uma única palavra.

Fontes consultadas: Luiz Pagnez, headhunter do portal Recrutando.co; Marina Tchalian; coordenadora de recrutamento e seleção; Marília Evangelista, consultora da Asap; Rodrigo Parisi, diretor da Hays; Letícia Gomes, analista de RH da Goomark; Tais Targa, psicóloga, mestre em educação e coach de empregabilidade; Miriam Rodrigues, professora e especialista em gestão de pessoas da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Luciana Caletti, CEO e cofundadora do site Love Mondays.

Com reportagem de Thâmara Kaoru, do UOL, em São Paulo. Colaboração de Lucas Marins, em Curitiba, Inês Pereira, em São Paulo, e Natalia Gómez, em Maringá (PR)

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