Sem provas, Bolsonaro atribui perda de empregos a medidas restritivas
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que empregos foram "destruídos" no Brasil após governadores e prefeitos adotarem medidas restritivas para evitar a disseminação do novo coronavírus. Bolsonaro, entretanto, não apresentou dados para defender o seu posicionamento.
"Assinarei duas MPs visando a manutenção de empregos no Brasil, que foram destruídos por medidas de lockdown e confinamento. Estamos, mais uma vez, o governo federal salvando empregos no Brasil", disse o presidente ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes.
"A nossa grande preocupação são os informais, 40 milhões de pessoas que perderam seu ganho ao longo da pandemia por causa de medidas restritivas", continuou o presidente. "Continuar fechando tudo de forma indiscriminada, como muitos estão fazendo, significa que muitas dessas pessoas mais humildes necessitem de um apoio do estado".
Desde o início da pandemia, o presidente Bolsonaro, crítico do lockdown e do toque de recolher, insiste que "economia e saúde" devem andar de mãos dadas. Especialistas, entretanto, defendem a adoção de medidas restritivas por estados e municípios —segundo eles, apenas o distanciamento social e a vacinação em massa podem frear a pandemia no Brasil.
No mês passado, Bolsonaro chegou a entrar com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender decretos com restrições por causa da pandemia do novo coronavírus no Distrito Federal, na Bahia e no Rio Grande do Sul.
Em sua argumentação, Bolsonaro afirmou que as medidas restritivas são inconstitucionais —o atual entendimento do STF, no entanto, dá autonomia a estados e municípios para ações contra a pandemia, sem dispensar o governo federal de centralizá-las. O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, negou o pedido assinado somente por Bolsonaro, sem representação da AGU (Advocacia-Geral da União).
Bolsonaro também tem trocado farpas com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que adotou medidas mais duras contra a covid no estado e assinou contrato para a compra da vacina CoronaVac, que foi desautorizada pelo presidente no ano passado.
Em recente entrevista, Doria disse acreditar que Bolsonaro tem uma "obsessão doentia" por ele e que o Brasil hoje é governado por um "psicopata".
Bolsonaro não me esquece, acorda e dorme pensando em mim, é uma obsessão doentia.
João Doria, governador de São Paulo
Ao ser questionado se o negacionismo de Bolsonaro tem razões políticas, Doria diz que acredita que sejam tanto ideológicas quanto psiquiátricas. Bolsonaro coleciona declarações polêmicas sobre a pandemia: o presidente chegou a atacar o isolamento social dizendo que o fechamento de atividades era "frescura" e "mimimi".
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