Casa por assinatura reduz burocracia e inclui luz e internet; vale a pena?
Alugar um apartamento pode ser trabalhoso diante de toda a documentação exigida por imobiliárias. No entanto, um novo modelo de locação, mais rápido e menos burocrático, tem ganhado cada vez mais espaço em diversas cidades do país: a "moradia por assinatura".
Trata-se de locações de imóveis reformados e equipados sem a necessidade de fiador e comprovação de renda. Além disso, o aluguel já inclui valores de condomínio, IPTU, luz, gás e internet. Tudo pago de uma única vez. Pela internet, é possível escolher o apartamento e o tempo de permanência e fechar o negócio. Entre as empresas que oferecem o serviço, estão Housi, Nomah e Casai. Veja a seguir como funcionam e quais os preços.
Valores de R$ 900 a R$ 5.000
Há quase dois anos e meio no mercado, a Housi está em mais de 50 cidades. São mais de 50 mil unidades ofertadas com valores de R$ 900 a R$ 5.000.
O negócio é feito pela internet, e o tempo de permanência pode variar entre um final de semana e 36 meses. O pagamento é por cartão de crédito, débito ou boleto.
Faxinas e reparos no imóvel podem ser agendados pelo aplicativo. Mudanças de endereço são permitidas durante a vigência do plano.
Até café da manhã pode ser incluído
A Nomah, presente na cidade de São Paulo, oferece descontos para assinaturas por tempo estendido e permite pagamento por Pix.
Serviços como café da manhã também podem ser incluídos. A empresa tem residências de 20 a 75 metros quadrados com valor médio de R$ 200 para diárias e de R$ 4.000 para longas estadias.
De 15% a 20% dos imóveis estão alugados pelo período longo. A startup tem 400 apartamentos no mercado e mais 200 devem entrar em operação em breve.
Apartamentos com tecnologia
Outra opção que permite o pagamento por diária ou assinaturas de até um ano é a Casai, presente no Rio de Janeiro, São Paulo e na Cidade do México.
A empresa oferece apartamentos de alto padrão equipados com tecnologia smart home e atendimento digital trilíngue, sete dias da semana.
Reserva, pagamento, check-in e check-out são feitos de forma remota, e os apartamentos são equipados com Wi-Fi de alta velocidade e espaços de trabalho.
A empresa dispõe de 400 imóveis no Brasil e no México, e a média de ocupação global é de 90%. As unidades têm entre 40 e 80 metros quadrados, além de apartamentos duplex.
Mas vale a pena?
Uma simulação feita pelo UOL comparou o valor de imóveis oferecidos por assinatura e por imobiliárias. No modelo digital, é possível encontrar unidades por R$ 2.390 mensais, no bairro de Vila Mariana, em São Paulo. O imóvel tem 16 metros quadrados. No mesmo bairro, um apartamento de 31 metros quadrados custa R$ 3.980. Os valores são para até duas pessoas.
Via imobiliária, é possível encontrar unidades na mesma região, com 45 metros quadrados, por R$ 2.906 ou R$ 3.500. No entanto, os valores incluem apenas aluguel, condomínio e IPTU.
Para o professor Alberto Ajzental, coordenador do curso de Negócios Imobiliários da FGV (Fundação Getulio Vargas),os valores são competitivos.
"Os preços [das moradias por assinaturas] são de mercado e quanto maior o número de apartamentos ofertados e mais gente interessada, menores serão os preços e mais perto de uma concorrência perfeita a gente estará", avalia.
Praticidade deve ser levada em conta
O professor do Ibmec-RJ Gilson Oliveira afirma que a praticidade de todo o processo também é uma vantagem.
"Tem que ser levada em consideração a praticidade do imóvel; O perfil é de pessoas que normalmente têm mais interesse em localização, serviço e mobilidade. É mais um serviço oferecido, não é preciso se preocupar com itens para casa. Você tem tudo disponível em um único canal".
Cuidados a tomar antes de alugar
Marcello Benevides, advogado que atua em direito imobiliário, fala sobre os cuidados nesse tipo de contrato: "É importante entender que nem todo mundo tem a necessidade de todos esses serviços oferecidos. É preciso pagar pelo que você precisa e ficar atento principalmente à multa por cancelamento para evitar prejuízos".
A professora da Faculdade de Ciências Econômicas da Uerj Maria Beatriz de Albuquerque declara que é preciso colocar as despesas na ponta do lápis.
"Mais flexibilidade pode se traduzir em custo mais elevado, e a facilidade oferecida é um grande atrativo, mas é necessário fazer contas e pagar pelo que você precisa."
Dividir espaço com outros
Outro mercado que vem crescendo no país é o de coliving - locação de espaços compartilhados.
No Brasil, a Yuca oferece residências em regiões onde os preços são mais elevados para morar sozinho, e vale a pena dividir com mais pessoas.
O processo de locação também é digital, mas os interessados passam por análise de crédito. Na página da empresa, é possível encontrar apartamentos a partir de R$ 1.800 em São Paulo.
São 300 unidades disponíveis, e a taxa de ocupação já atinge 90%. Segundo a Yuca, o negócio já registrou crescimento de 542% entre o segundo trimestre de 2021 e o mesmo período de 2020.
O professor Gilson Oliveira diz que o modelo aproxima interesses. "É uma outra opção que busca interessados em alugar e locatários de uma forma mais rápida, oferecendo facilidades para os dois. Funciona como república mais qualificada, um modelo mais sofisticado de compartilhamento."
Novos modelos de consumo
O professor Alberto Ajzental, da FGV, afirma que o modelo de assinatura de casa surge para atender a uma sociedade mais interessada em usar, e não em possuir.
"É uma mudança cultural na qual o imóvel aparece como uma parte da prestação do serviço. Antes, você tinha o setor imobiliário e hoteleiro bem definidos e afastados. Hoje em dia, temos no meio deles as novas locações que reúnem todas as facilidades que você precisa sem que isso tenha um grande custo de hotel".
Gilson Oliveira, do Ibmec-RJ, vê com bons olhos o modelo que, além de prático, garante um preço fixo sem reajustes em assinaturas com prazos superiores a um ano.
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