Piloto baleado e colete contra balas: voar de helicóptero no RJ é um perigo
Ler resumo da notícia
No dia 21 de março, o copiloto de um helicóptero da Polícia Civil do Rio de Janeiro foi baleado durante uma operação na Vila Aliança e ficou em estado gravíssimo. Esse não é o primeiro caso em que helicópteros são atacados pelo crime organizado no Rio de Janeiro, que já coleciona diversas situações críticas para quem voa em algumas partes da cidade, a ponto de hoje haver cuidados especiais para circular pela cidade.
Em 2022, a Abraphe (Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero) lançou um mapa de regiões da capital fluminense onde sobrevoos de helicópteros devem ser evitados, devido ao alto risco de disparos de arma de fogo.
A divulgação ocorreu dias após um helicóptero privado ter sido atingido por tiros a partir da Vila Cruzeiro, mesmo estando a uma distância segura. A aeronave acabou perfurada na fuselagem e no para-brisa, mas o piloto conseguiu fazer o pouso em segurança.
Saber voar para não ser alvejado
Em 2021, o piloto de helicóptero Darlan Santana prestava serviços jornalísticos a bordo de um Robinson R44 no Rio de Janeiro. Ele cobria o trânsito na região quando foi chamado para cobrir uma ação policial na comunidade da Mangueira.
Antes de se aproximar, ele observou se havia viaturas da polícia no local, indicativo que a situação já estaria sob controle.
Tem áreas que você precisa saber voar para não ser alvejado. E voava todo dia naquela guerra. Era uma guerra mesmo.
Darlan Santana, piloto de helicóptero
Darlan e o cinegrafista chegaram à região do Maracanã e se posicionaram virados para o morro, mantendo uma altitude de 200 metros, já que não poderiam subir mais devido ao tráfego de aviões no aeroporto Santos Dumont.
"Logo que chegamos, vimos que a região já estava com policiamento, então começamos a transmitir as imagens. Em menos de dois minutos, fomos baleados por um tiro de calibre 7,62 mm, suficiente para derrubar uma aeronave. O tiro veio do alto do morro", diz o piloto.
Darlan realizou uma manobra e o projétil bateu em uma estrutura do helicóptero, sendo desviado e atingiu sua perna. "Eu senti como se fosse um chute bem forte naquela hora. A perícia constatou que, se o projétil não tivesse batido nessa estrutura, teria ido diretamente para o peito do cinegrafista, que estava à minha esquerda", diz o piloto.
Darlan ainda lembra que foi um grande susto na hora, pois o para-brisa quebrou e houve um forte barulho do lado de dentro da aeronave. Ele pediu auxílio a outra equipe que voava próximo participando da cobertura para confirmar se o seu helicóptero não estava pegando fogo.
Ele se direcionou para o estádio do Engenhão, onde pousou e foi logo atendido por uma equipe do Samu que se dirigiu ao local. O projétil ficou cravado no seu osso, e precisou ser removido por cirurgia.
Dois meses após o ocorrido, ele voltou a voar. "Chegou um momento em que eu percebi que não daria mais para operar no Rio, senão seria alvejado novamente. Larguei o emprego e me mudei para Salvador", conclui Darlan.
Colete à prova de balas
O comandante Hamilton Castro lembra de uma situação perigosa que ocorreu durante um voo na cidade por volta de 2012. Ele estava em um helicóptero Robinson R22 enquanto sobrevoava a região da avenida Brasil.
"Próximo ao aeroporto do Galeão e da igreja da Penha, uma forte explosão do lado de fora desestabilizou o helicóptero. Observei nos instrumentos para ver se não havia nenhum problema, mas tudo aparentava estar em ordem. Acabei fazendo um pouso de precaução em uma pista de aeromodelismo ali perto para ter certeza de que não houve nenhum dano", diz Castro, lembrando que o que provavelmente atingiu o voo foi um rojão lançado a partir do solo contra o helicóptero.
Esse é apenas um indício da situação que muitos pilotos de helicóptero encontram no dia a dia. O próprio Castro diz que costumava voar sempre com cautela na cidade.
"Em 2010, quando eu voava para fazer cobertura do trânsito na região, sempre íamos com um colete à prova de balas embaixo do banco do helicóptero por segurança", afirma o comandante.
Helicóptero da Guerra do Vietnã
Um dos helicópteros da polícia fluminense foi apelidado de "Caveirão Voador", um Bell UH-1H, também chamado de Huey. Essa mesma unidade foi usado pelas forças armadas dos EUA que durante a Guerra do Vietnã (1959-1975).
Ele começou a voar pela Polícia Civil do Rio em 2008. A aeronave possui blindagem contra disparos de arma de fogo, como pistolas e fuzis.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro também possui um Huey.
Nós já contamos a história do "Caveirão do Ar" aqui.
11 comentários
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.
Eder Jun Tanonaka
Normal. Tudo normal.
Walmor Barbosa Martins Jr
Enviem suas reclamações para o STF.
Ralf Konig
Nada disso ... acho importante que os "estudantes" continuem aprimeorando suas habilidades de pontaria, sob a proteção do STF e da "democracia relativa". Continuem fazendo o L ... saibam a serviço de quem vopcês estão quando fazem isso !!