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REPORTAGEM

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Pilotos divulgam mapa com locais para evitar voar no Rio por risco de tiro

Mapa destaca em vermelho áreas onde há risco de disparo contra aeronaves. Rotas de helicópteros estão em rosa - Abraphe e Clodoaldo Lima
Mapa destaca em vermelho áreas onde há risco de disparo contra aeronaves. Rotas de helicópteros estão em rosa Imagem: Abraphe e Clodoaldo Lima

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/05/2022 04h00

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A Abraphe (Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero) divulgou um mapa de regiões da cidade do Rio de Janeiro onde sobrevoos de helicópteros devem ser evitados devido ao alto risco de disparos de arma de fogo.

A iniciativa ocorre poucos dias após um piloto de um helicóptero particular ter sido alvo de tiros na Vila Cruzeiro, na capital fluminense. Embora tenha dito que estava a uma distância segura, a aeronave foi atingida e perfurada na fuselagem e no para-brisa.

O voo tinha partido do aeroporto Santos Dumont no dia 17 de maio e seguia rumo ao Recreio dos Bandeirantes, quando passou próximo ao local de onde os disparos foram realizados. Em vídeos nas redes sociais é possível ouvir dezenas de tiros sendo disparados de diversos locais.

Uma das hipóteses é que o helicóptero teria sido confundido com modelo da polícia.

Regiões proibidas

Segundo o piloto Thales Pereira, presidente da Abraphe, o objetivo é alertar os pilotos que não têm familiaridade com a região ou não conhecem os riscos de voar sobre esses locais.

"Os bandidos usam armamentos pesados que podem derrubar uma aeronave facilmente. Foi uma medida emergencial", diz Pereira.

Dessa forma, é possível planejar melhor as rotas, evitando locais como aquele onde os disparos foram efetuados há alguns dias. Esse tipo de ocorrência tem sido corriqueiro, afirma o piloto.

Parte desses locais onde não é recomendado sobrevoar ficam próximos aos corredores visuais para helicópteros, que são rotas de voo definidas pelo controle de tráfego aéreo para evitar acidentes e melhorar o fluxo de aeronaves na região.

Os pilotos devem se manter dentro desses espaços, que são como ruas no ar por onde os helicópteros devem seguir.

Ao receber autorização para o voo, os pilotos têm, em geral, de manter a mesma altitude em relação ao nível do mar, não podendo subir e descer de acordo com a geografia do terreno abaixo do helicóptero.

Com isso, ao sobrevoar alguns dos morros que estão indicados no mapa, acabam ficando mais próximos do local de onde os tiros podem ser disparados.

Os gestores da Abraphe devem se reunir nos próximos dias com os órgãos da Aeronáutica responsáveis pelo controle de tráfego aéreo na região para discutir medidas mais urgentes, como a alteração das rotas dos helicópteros. Essa medida, afirma Pereira, é a mais rápida enquanto a questão da segurança pública permanece na região.

O cumprimento não é obrigatório, sendo o mapa uma recomendação de segurança para os pilotos.

Risco de queda

O risco de um acidente grave envolvendo o disparo de arma de fogo contra uma aeronave é alto, diz Pereira. Caso atinja alguma mangueira dos sistemas hidráulicos, por exemplo, a aeronave pode perder o controle e ficar incapacitada de voar.

O presidente da Abraphe ainda diz que um dos tiros efetuados contra o helicóptero na Vila Cruzeiro ficou alojado no corpo do helicóptero abaixo do piloto. Caso o tivesse atingido, a aeronave poderia ter caído, causando várias mortes.

Se acertar o motor, ele pode parar de funcionar, e o piloto teria pouco tempo e espaço para fazer um pouso de emergência. Ainda é possível que uma das pás do rotor principal ou da própria hélice seja danificada, levando à queda do helicóptero.

Procurado, o governo do Estado do Rio de Janeiro não se pronunciou até a publicação desta reportagem.