Todos a Bordo

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Reportagem

Relembre a aérea do Hooters, que levava garçonetes com roupas curtas no voo

A rede de restaurantes Hooters pediu proteção contra falência na última semana nos EUA. A marca é famosa pelo clima esportivo e descontraído e, principalmente, pelos uniformes de suas garçonetes, que usam roupas (muito) curtas, e já chegou a ter unidades no Brasil.

Justamente por esse sucesso, que não se sustentou em um mundo diferente daquele de quando ela foi criada, a rede fundou uma companhia aérea em 2003. Entretanto, ela durou pouco tempo, deixando apenas o folclore em torno de sua operação.

Relembre a trajetória da Hooters Air.

Origem

Boeing 737 da Hooters Air
Boeing 737 da Hooters Air Imagem: Wikimedia

A Hooters Air foi criada durante o auge da marca, quando os restaurantes já eram considerados patrimônio cultural nos EUA. A própria empresa define que é responsável por uma diversão tipicamente americana em dezenas de países.

Foi nesse momento que a rede de restaurantes viu uma oportunidade de expandir seu conceito para a aviação, criando uma experiência que misturava viagens aéreas com o estilo peculiar dos estabelecimentos.

Os voos da Hooters Air eram realizados pela Pace Airlines, que foi comprada por Robert Brooks, um dos fundadores dos restaurantes. Assim, em 2003, a companhia realizava seus primeiros voos, usando os aviões Boeing 737 e 757.

As aeronaves foram repintadas com as cores vibrantes da empresa (laranja e branco), além de adotarem o logo da coruja. A companhia era uma low cost, ou seja, pretendia oferecer passagens a baixo custo (low fare), e tinha como foco as viagens de lazer.

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Atendentes da Hooters Air se vestiam como nos restaurantes
Atendentes da Hooters Air se vestiam como nos restaurantes Imagem: Getty Images

Sucesso

Nos primeiros anos, a Hooters Air atraiu passageiros curiosos e fãs da marca oferecendo voos considerados uma extensão da atmosfera dos restaurantes. Os cardápios até incluíam as famosas asinhas de frango servidas nos restaurantes da marca.

As tripulações de cabine se vestiam de acordo com o padrão da indústria. Entretanto, a empresa aérea tinha um diferencial: Duas "Hooters Girls", como eram chamadas as garçonetes da rede, participavam do voo (com as roupas curtas usadas nos restaurantes).

Comissárias de bordo tinham uniforme bem mais discreto que as Hooters Girls
Comissárias de bordo tinham uniforme bem mais discreto que as Hooters Girls Imagem: Reprodução

Elas ajudavam as comissárias em alguns momentos, entretendo os passageiros e auxiliando na hora de servir as refeições, por exemplo. Como não tinham o treinamento de segurança exigido, não poderiam atuar como os demais tripulantes.

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O foco inicial da empresa foi em rotas turísticas, como Las Vegas, Myrtle Beach e Nassau, locais onde o público-alvo da Hooters tinha tendência a viajar. Para consolidar a própria imagem, a empresa realizava promoções e eventos especiais, como concursos a bordo.

Atendentes da Hooters Air se vestiam como nos restaurantes. Em solo, elas usavam roupas esportivas com a cor laranja, tradicional da rede de restaurantes
Atendentes da Hooters Air se vestiam como nos restaurantes. Em solo, elas usavam roupas esportivas com a cor laranja, tradicional da rede de restaurantes Imagem: Getty Images

A companhia removeu algumas fileiras de assentos dos aviões para oferecer um maior espaço aos viajantes. Seu diferencial também era o de oferecer voos diretos para os destinos de lazer, algo que não era tão comum à época.

Operação

Frota da Hooters Air, que parou de voar em 2006
Frota da Hooters Air, que parou de voar em 2006 Imagem: Reprodução

Apesar de tentar criar um conceito inovador, a Hooters Air enfrentou obstáculos comuns às companhias aéreas do tipo, como altos custos operacionais e flutuações no preço do combustível. A empresa também dependia de uma demanda sazonal, já que muitos voos eram voltados para destinos de férias, que não costumam estar lotados todas as épocas do ano.

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Além disso, a concorrência com grandes companhias aéreas e a complexidade logística de manter uma frota dedicada pesaram no orçamento. Apesar do marketing pesado, o modelo de negócios mostrou-se difícil de sustentar a longo prazo, especialmente em um mercado cada vez mais competitivo.

Atendentes da Hooters Air se vestiam como nos restaurantes
Atendentes da Hooters Air se vestiam como nos restaurantes Imagem: Getty Images

Assim, em 2006, prestes a completar três anos do início de suas operações, a empresa parou de voar, já que não conseguia manter seus voos lucrativos. Entre os principais fatores para isso estavam a alta do custo do combustível e o ambiente do setor, que ainda se recuperava dos atentados de 11 de Setembro nos EUA.

Curiosidade

Hooters já teve sua própria companhia aérea com o mesmo conceito da rede de lanchonetes
Hooters já teve sua própria companhia aérea com o mesmo conceito da rede de lanchonetes Imagem: Reprodução/Facebook

Um voo entre Las Vegas (Nevada) e Myrtle Beach (Carolina do Sul) custava a partir de US$ 150 (US$ 245 corrigido, cerca de R$ 1.371) em 2005. Esse voo tinha uma distância de cerca de 3.300 km, aproximadamente a mesma entre São Paulo e Boa Vista (RR), o voo doméstico mais longo dentro do Brasil.

Reportagem

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5 comentários

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Paulo Ribeiro de Carvalho Jr

Bons tempos das viagens divertidas, descontraídas, pitorescas e sem lacrações nem mi mi mis. Hooters, Branif, Pan Am....Hoje, voar, significa bate bocas, brigas, carteiradas, gente folgada querendo que vc ceda seu assento e, não raro, terminando na Polícia. 

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Nelson Higino de Oliveira Filho

Com essas Hotess dava gosto pagar caro para viajar até sem motivo....

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Gisele Monteiro Santos Moura

Acabou? Ah que pena. kkk

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